Volta Redonda, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), se inscreveu para participar do programa “Impulsionar”. O projeto busca desenvolver soluções pedagógicas e digitais para prevenção e combate da defasagem em Língua Portuguesa e Matemática no ensino público. A ação terá duração de um ano e é uma iniciativa financiada pela Fundação Lemann, Imaginable Futures, BID Lab, e tem como parceiros técnicos Quintessa e Instituto Reúna e as organizações implementadoras CENPEC, Nova Escola e Sincroniza Educação.
Volta Redonda foi uma das sete cidades, a única da região Sudeste do Brasil, a ser selecionada para o programa que neste momento ocorre de forma experimental. De acordo com o professor Bruno Moreira, integrante do Centro de Mídia da SME, o objetivo é promover a equidade e qualidade de aprendizagem entre os estudantes. O “Impulsionar” surgiu visando recuperar os danos causados principalmente pela pandemia de Covid-19.
“Devido à paralisação de aulas, foi constatada a defasagem no ensino, principalmente dos conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática. O programa visa à recuperação de aprendizagem com alunos, entre 11 e 15 anos, do sexto ao nono ano, o Ensino Fundamental II. Houve um chamamento e um processo de seleção onde as Secretarias de Educação que tiveram interesse em participar precisaram informar alguns dados como: número de alunos, Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)”, explicou.
Em Volta Redonda, a implantação do programa foi ofertada a seis escolas, visto que o projeto é piloto. São elas: Colégio Getúlio Vargas (Laranjal), Colégio José Botelho de Athayde (Vila Americana), Escola Municipal Nilton Penna Botelho (Roma II), Escola Municipal Rubens Machado (Vale Verde), Escola Municipal Walmir de Freitas Monteiro (Santa Rita do Zarur) e Wandir de Carvalho (Siderlândia).
“A falta de acesso às tecnologias foi um dos critérios levados em conta para a seleção das escolas. Acreditamos que esses alunos sofreram uma maior defasagem no ensino durante o período da pandemia, até pela dificuldade de acesso à internet”, explicou Moreira.
A secretária municipal de Educação, Therezinha Gonçalves, a Tetê, lembrou que durante a suspensão das aulas presenciais a pasta buscou soluções para garantir a qualidade do ensino público e impedir a evasão escolar. Para ela, o “Impulsionar” é mais uma dessas iniciativas.
“Durante a suspensão das aulas presenciais, não medimos esforços para que o aprendizado chegasse a todos, através de plataformas online e conteúdo interativo. Este projeto é mais uma ação que estamos apostando para evitar a evasão escolar e a defasagem da aprendizagem”, afirmou Tetê.
O “Impulsionar” prevê a criação de um modelo pedagógico para formação dos professores da rede municipal de ensino. Este plano será aplicado junto aos alunos. O programa ainda conta com o suporte de edtechs que ofertarão tecnologias – como o desenvolvimento de programas e aplicativos – que ajudem a atingir as metas de combate à defasagem.
As estratégias serão definidas a partir do início do ano que vem junto ao Comitê Tático – formado pelo Departamento Pedagógico da SME e por representantes das empresas e da organização responsável pelo projeto. Além de Volta Redonda, a iniciativa será realizada em outras seis cidades: Bonito (PE), Cabrobó (PE), Domingos Mourão (PI), Guaramiranga (CE), Igarassu (PE) e Santa Maria (RS).
A cada 100 crianças, só metade sabe ler até os 9 anos, diz Unicef – Segundo o Unicef, 97,3% das crianças e jovens de 4 a 17 anos frequentam a escola, mas não aprendem: a cada 100 crianças, só metade sabe ler aos 8 ou 9 anos, e 7 em cada 10 estudantes concluem o Ensino Médio com níveis insuficientes em Português e Matemática. Esse cenário é reflexo de um dos principais desafios enfrentados pelo sistema educacional brasileiro: a defasagem de aprendizagem, ou seja, o acúmulo de habilidades não desenvolvidas ou parcialmente desenvolvidas por um estudante ao longo de seus anos escolares.