A cárie em bebê ocorre muito mais do que se imagina. Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, do Ministério da Saúde, quase 30% das crianças de 18 a 36 meses apresentaram pelo menos um dente de leite cariado. Para quem acha que não tem nada demais nisso, já que os dentes de leite logo serão substituídos pelos dentes permanentes, não é bem assim. Conforme explica a dentista e professora do curso de Odontologia do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA, Carolina Hartung, a cárie dentária pode desenvolver-se em qualquer faixa etária, inclusive em crianças menores de 2 anos. Trata-se de uma doença com possíveis complicações; desenvolve-se com a ingestão de açúcares e pode ser prevenida.
“Mesmo que a maioria das pessoas pense que cárie é aquele pontinho escuro ou preto no dente, ou quando aparece um ‘buraquinho’, as lesões iniciais de cárie são só manchas brancas. Essas manchas aparecem bem no começo da doença e, nessa fase, o dente ainda não quebrou, ou seja, sem nenhum buraquinho. Nesse ponto, dá para paralisar a doença cárie”, salientou.
A cárie é uma condição que se desenvolve quando bactérias começam a produzir ácidos, resultando na perda gradual dos minerais da estrutura dentária, levando à deterioração. Esse processo requer uma frequência alimentar elevada, ou seja, a pessoa precisa comer muitas vezes ao dia.
“Um exemplo disso é quando alguém está sempre ‘beliscando’. No caso dos bebês, é comum a presença de copos de sucos e biscoitinhos ao alcance, o que leva o bebê a consumir esses alimentos várias vezes ao dia. É preciso destacar que, para que a cárie se desenvolva, é essencial que a dieta contenha açúcar. Portanto, a cárie é uma doença que depende da presença de açúcar”, alertou Carolina Hartung.
Por isso é necessário levar o bebê para consultar um odontopediatra, uma vez que esse profissional é capacitado para orientar a família e cuidar da criança. Atualmente, a recomendação é que a primeira visita à odontopediatra ocorra logo no nascimento para avaliar as estruturas da boca do bebê e, num segundo momento, quando o primeiro dente nasce, para receber as orientações e prevenir a cárie dentária.
Existem várias opções de tratamento, que são indicadas de acordo com as circunstâncias específicas. De maneira geral, são feitas terapias que incluem o uso de flúor profissional, restaurações com materiais bioativos que contribuem para a remineralização dos dentes, e a aplicação de cariostáticos, que são materiais capazes de interromper a progressão da lesão cariosa.
“Os tratamentos em bebês têm um foco preventivo e visam restaurar a saúde bucal. Devido ao fato de serem seres muito pequenos e ainda não terem maturidade e cooperação, a participação em tratamentos é geralmente baixa ou inexistente. Portanto, tratamentos prolongados, incluindo procedimentos estéticos, muitas vezes não são viáveis de serem realizados”, esclareceu Carolina.
A recomendação mais importante é não incluir açúcar refinado na dieta do bebê. Se não tem açúcar, não tem cárie. Além disso, é indicado escovar os dentes do bebê duas vezes ao dia. Existe creme dental para os bebês, com a concentração específica de flúor, mas a quantidade dispensada nas cerdas da escova deve ser muito pequena, equivalente a um grão de arroz cru.
“Isso se deve ao fato de que os bebês ainda não têm o hábito de cuspir e é crucial controlar a quantidade para evitar ingestão excessiva”, ressaltou, acrescentando que “é importante ir ao odontopediatra para que o profissional prescreva o creme dental adequado e ensine aos responsáveis a técnica correta de escovação. Esse acompanhamento é fundamental para garantir a saúde bucal do bebê desde cedo”, finalizou a professora.