A Câmara de Volta Redonda, em sessão extraordinária realizada nesta sexta-feira (21), decidiu cassar, por unanimidade dos 19 vereadores presentes, o mandato do vereador Paulo César Lima da Silva, o Paulinho do Raio-X. Ele foi denunciado por infração político-administrativa e quebra de decoro parlamentar, cinco meses depois de ter sido preso em flagrante, pela Polícia Civil e o Ministério Público, por supostamente tentar extorquir o prefeito Samuca Silva, com a promessa de barrar requerimentos de impeachment na Casa.
É a primeira vez na história do Legislativo voltarredondense que um parlamentar tem o mandato cassado por suspeita de corrupção. Até então, o único vereador cassado pelos colegas foi Wanderley Barcelos, na década de 1990, que agrediu fisicamente o então também vereador Zoinho. Apenas o vereador Tigrão não compareceu à sessão desta sexta-feira. Da votação, nominal, o vereador Rodrigo Furtado, autor da denúncia, não pôde participar, como prevê o Regimento Interno, sendo substituído pelo suplente, Francisco Chaves.
Ao final, o presidente da Casa, Neném, leu a decisão do plenário e anunciou que será convocado o suplente de Paulinho, Marcelo Moreira.
A sessão transcorreu sem a presença do vereador denunciado – afastado do cargo pela Justiça e respondendo em liberdade ao processo criminal resultante da prisão – ou de sua defesa. Neném explicou que enviou notificação a ambos da realização da sessão, por WhatsApp e e-mail, mas não obteve resposta. A votação estava marcada inicialmente para a quinta-feira (20), mas foi adiada por sugestão do presidente da Comissão processante, Sidney Dinho, exatamente para evitar que o vereador agora cassado viesse a alegar cerceamento ao amplo direito de defesa, depois de ter obtido uma liminar suspendendo a sessão, revogada posteriormente pelo mesmo juiz.
Críticas
Embora tenham votado pela cassação, vereadores da oposição, como Carlinhos Santana, Washington Granato e o próprio Neném fizeram pesadas críticas ao prefeito Samuca Silva, que denunciou a suposta tentativa de extorsão ao MP. Neném, por exemplo, chegou a revelar que já teve compulsão de agredir fisicamente o chefe do Executivo. Ele disse que Samuca teria tentado envolver seu nome no caso associado a Paulinho, a exemplo de Carlinhos Santana.
Granato, por sua vez, disse que o vereador cassado pagou pela imaturidade política – estava no primeiro mandato – e acabou sendo levado “à cova dos leões”, tendo sido enganado pelo chefe do Executivo.
Os três vereadores, apesar do voto favorável, deixaram claro acreditar que Paulinho tenha caído numa armadilha do prefeito.