A poluição gerada pela CSN em Volta Redonda, agravada no período de inverno pela falta de chuvas, será tema de uma audiência pública programada para as 18h30min desta quarta-feira (17) na Câmara de Vereadores. Organizada por diversos coletivos e instituições, a intenção é debater os impactos sociais e ambientais resultantes da poluição atmosférica e sonora em Volta Redonda e apontar soluções para os principais problemas.
No convite à população a participar, os organizadores que não há intenção de “prejudicar as atividades da CSN”, mas exigir o cumprimento da legislação ambiental, com investimento na manutenção e modernização de equipamentos e filtros e, consequentemente, a diminuição da emissão de poluentes.
No mês passado, a poluição gerada pela Usina Presidente Vargas levou à realização de um ato de protesto na Vila Santa Cecília, no dia do aniversário da cidade. A manifestação aconteceu mesmo após a empresa ter anunciado, depois de uma reunião de seus representantes com o prefeito Antonio Francisco Neto, que adotaria medidas emergenciais para reduzir a poluição.
O problema é que, passado um mês, praticamente nada mudou. As reclamações de moradores com relação ao pó preto que atinge a cidade continuam e são feitos em praticamente todos os bairros.
Cristina Monteiro de Oliveira reside em um apartamento no bairro Água Limpa. “É muita sujeira todos os dias. Muito pó mesmo. Este ano está muito pior”, disse ela, contando que passa boa parte do dia no trabalho, varrendo o pó preto ao menos quatro vezes por dia. Quando chega em casa, ela e a filha têm que varrer o imóvel e limpar móveis com o pó acumulado.
Também são constantes as reclamações de pessoas com problemas respiratórios, que, devido à poluição, sentem ainda mais os efeitos neste período de seca. É o caso de Silvana (nome fictício, a pedido dela), que sofre com as crises da filha de 13 anos. “Meu marido trabalha na CSN. Ou seja, a empresa que nos sustenta é a mesma que prejudica a saúde da minha filha. Há três anos, mudamos do Retiro, mas não adiantou. E este ano está muito pior mesmo. Vivemos com as janelas fechadas, mas pouco adianta”, disse ela, pedindo também a não revelação do bairro onde mora por temer retaliações ao marido.
A audiência pública desta quarta é organizada por 11 instituições, entre as quais a Comissão de Meio Ambiente da OAB-VR (Ordem dos Advogados do Brasil de Volta Redonda, ONG O Nosso Vale! A Nossa Vida e Sepe (Sindicato dos Profissionais de Educação) de Volta Redonda.