O cumprimento de mandados de busca e apreensão realizados nesta quinta-feira (27) pelo Ministério Público Estadual em Barra Mansa, com o apoio da Delegacia de Defesa do Consumidor, repercutiu em todo o país. Os promotores e a Polícia Civil investigam denúncias de que o presidente do Barra Mansa Futebol Clube, Anderson Martins Florentino, o “Andrinho”, o ex-gerente de futebol do clube, Lincoln Vinícius da Silveira Aguiar, e o dono da empresa Agesport, Ezequia de Oliveira, que administrou o futebol do Barra Mansa no ano passado, aliciaram jogadores para entregar resultados do time, na Série B do Campeonato Carioca, e beneficiar uma máfia internacional de apostas. Os três já foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público. De acordo com a denúncia, os dirigentes teriam recebido entre 35 mil e 150 mil reais por cada jogo em que o Barra Mansa foi derrotado, de acordo com o interesse da máfia internacional. A denúncia descreve uma reunião em que os dirigentes teriam prometido pagamentos para alguns jogadores para que o time perdesse de 4 a 0 para o Audax, partida disputada em 25 de junho do ano passado. Em outra situação, jogadores teriam recebido promessa de pagamento de 3 mil reais para que o Barra Mansa perdesse o jogo contra o Carapebus, no dia 2 de julho também do ano passado. Nos dois casos, segundo o próprio Ministério Público, os jogadores não aceitaram o suborno.
Porém, diz a denúncia, diante da recusa dos atletas, Ezequia de Oliveira teria deixado de providenciar uma ambulância para no estádio para o jogo, que acabou cancelado. Assim, o Barra Mansa perdeu de WO, o que teria atendido ao interesse da máfia de apostadores. O presidente Andrinho também foi denunciado por ter, segundo o Ministério Público, se apropriado de 342 mil reais do Barra Mansa, referente à venda de um jogador formado na base para a Inter de Milão, da Itália. Segundo a acusação, a transferência do dinheiro do clube para a conta particular do dirigente foi feita em conluio com a secretária do Barra Mansa, Mônica Rodrigues Rosa, que seria namorada do presidente. A delegada Daniela Terra, responsável pela investigação aberta pela Polícia Civil, disse que a denúncia contra os dirigentes foi feita por um dos jogadores que recusaram o suborno.
Na ação desta quinta, o Ministério Público apreendeu uma BMW do presidente Andrinho, que teria sido adquirida com dinheiro do esquema. Ainda no dia passado, Andrinho negou todas as acusações. Disse que o carro apreendido está em nome de seu pai e que foi adquirido num financiamento, que vem sendo pago há três anos. O dirigente disse ainda que o dinheiro do Barra Mansa foi transferido para sua conta particular porque a conta bancária do clube, aberta para receber o dinheiro da venda do jogador para a Itália, foi bloqueada três dias depois devido a ações judiciais. Segundo ele, a transferência foi a forma encontrada para pagar as despesas no campeonato e fazer reformas no Estádio Leão do Sul. Ainda de acordo com Andrinho, está tudo comprovado em notas. O presidente assegura não ter fundamento a acusação de que estaria envolvido com a manipulação de resultados. Ele afirmou que a gestão do futebol do clube estava sob responsabilidade da Agesport. Ezequia também nega a acusação, apesar da gravação entregue à polícia e ao Ministério Público. O ex-gerente Lincoln Vinícius não foi encontrado para comentar a denúncia.