O piloto de helicóptero Adonis Lopes, de 57 anos, sequestrado por bandidos durante uma viagem particular na tarde do domingo, após decolar de Angra dos Reis, achou que não escaparia com vida. Ele revelou como foi a luta corporal travada dentro da aeronave com os dois homens que o renderam e queriam que ele fosse para o complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio, onde planejavam resgatar um preso.
As imagens do helicóptero descontrolado viralizaram na internet. Adonis, no entanto, explicou que não fez manobras para chamar a atenção. Ele disse que o helicóptero ficou descontrolado quando recebeu uma gravata de um dos criminosos, no momento em que tentava pousar no campo do batalhão da Polícia Militar em Bangu.
“As manobras não foram propositais. O helicóptero é muito sensível. Eu a todo momento evitava bater”, revelou Adonis, que também é piloto da Polícia Civil do Rio.
Em entrevista ao telejornal “Bom Dia, Rio”, da TV Globo, ele contou também que pensava que esse poderia ser seu último voo e que não iria “conseguir conviver com o estigma de resgatar bandido”.
RENDIÇÃO – O agente contou que após a decolagem de um voo particular, os dois homens o renderam com pistolas, em Angra dos Reis, e o obrigaram a seguir para Bangu. Logo em seguida a dupla tirou dois fuzis de uma maleta, que seriam usados na invasão ao presídio.
Durante o percurso, disse Adonis, ele teve tempo de pensar em um plano. Contou que tentou induzir a dupla a desistir de invadir o presídio, falando sobre o perigo de o helicóptero se alvo de disparos se tentasse pousar no presídio, mas não foi ouvido. O piloto então resolveu tentar pousar no campo do 14ª BPM (Bangu), mas a dupla percebeu. Nesse momento, segundo ele, começou a luta a bordo da aeronave, que ficou descontrolada.
“Durante a briga na cabine, houve muita gritaria e eu falava que iríamos cair e morrer. Nesse momento eu tentava convencê-los que iria ter um acidente. Depois de 35 segundos, de uma forma difícil de explicar, não sei se eles resolveram desistir da ação ou se eles entenderam que iria ter um acidente, e eu conseguir sair voando”, prosseguiu o piloto.
Após o episódio, a dupla desistiu de invadir o presídio e fez um acordo para ser deixada em Niterói, perto da Comunidade do Caramujo. Depois que os bandidos desembarcaram, o agente levantou voo e foi para o Grupamento Aeromóvel (GAM) de Niterói, onde pousou.
A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) está responsável por identificar os sequestradores e esclarecer o ocorrido. (Foto: Reprodução / TV Globo)