O presidente da Câmara de Volta Redonda, Nilton Alves de Faria, o Neném, afirmou nesta sexta-feira (27) que está buscando informações sobre a situação real das finanças do município, pois há “um temor generalizado sobre um possível calote no funcionalismo no fim de ano”. A preocupação aumentou, segundo Neném, após o prefeito Samuca Silva ter avisado que só pagará os salários de dezembro e o décimo-terceiro se não “houver intercorrências”. Além disso, a falta de transição e o decreto estabelecendo recesso na última quinzena do ano também foram alvo de críticas por parte do vereador.
“Já estamos fazendo consultas jurídicas para ver como proceder diante de um iminente calote contra os servidores. A fala do prefeito é vaga e causa instabilidade. Os fornecedores nos procuram todos os dias, pois ninguém ou quase ninguém está recebendo. Agora, somos procurados pelos servidores, que estão com medo. Os salários já estão atrasados e parcelados, mas deixar a turma sem dinheiro no fim do ano é uma covardia”, disse Neném.
De acordo com o vereador reeleito, duas notícias confirmadas recentemente pela prefeitura deixaram a situação “ainda mais confusa e tensa”. A primeira, diz ele, é a ausência de um processo de transição. “O Samuca perdeu nas urnas e sabe disso. Se ele não quer fazer transição com o Neto, que venceu no primeiro turno, vamos montar uma comissão na Câmara e ele faz a transição conosco. Temos vereadores reeleitos e eleitos que aceitariam essa missão. Não pode é a cidade ficar prejudicada”, acrescentou.
O vereador ressaltou ainda que o decreto que concede recesso aos funcionários públicos de 16 de dezembro a 1º de janeiro não foi bem recebido de uma maneira geral. “O prefeito tem obrigações para serem cumpridas até o dia 31 de dezembro. Isso não se faz, é uma irresponsabilidade. O funcionário não sabe se vai receber, o fornecedor não sabe quando recebe, as informações de transição não foram passadas. Parece é que estão tentando esconder as coisas”, criticou.
Samuca rebate Neném
Em nota enviada ao Foco Regional, o prefeito de Volta Redonda Samuca Silva rebateu as críticas feitas a ele, nesta sexta-feira (27), pelo presidente da Câmara, o vereador reeleito Neném.
Confira abaixo o que disse Samuca
“O presidente da Câmara falta com a verdade. Não há uma transição oficial na prefeitura porque a Justiça Eleitoral ainda não se posicionou sobre o resultado das eleições. Hoje não há prefeito eleito e aguardo a decisão eleitoral. O próximo presidente da Câmara será eleito, mas sequer foram diplomados os vereadores eleitos. Isso é claro. Em entrevistas tenho repetido isso: assim que a Justiça Eleitoral se posicionar sobre quem será o prefeito, a transição será feita. E digo mais: muito melhor do que foi feita no final de 2016, quando deixaram vários contratos terminarem para inviabilizar o início do meu mandato. Nem uniforme para as crianças tinham comprado. Nem a dívida mascarada em balanços contábeis inverídicos. Eu, ao contrário, já vou deixar os uniformes nas escolas. Contratos vigentes, orçamento, dívidas, tudo detalhado”.
Sobre o recesso do final ano, Samuca diz que a mesma medida foi tomada anteriormente nos três anos anteriores: “E, com o aumento de casos de Covid-19, preferimos deixar servidores não essenciais em home-office e manter o recesso nas duas últimas semanas do ano. A própria Câmara de Vereadores faz isso. O presidente da Câmara crítica o recesso na prefeitura, que todo ano é concedido, mas não fala sobre a Câmara receber mais de R$ 3 milhões por mês e realizar apenas uma sessão legislativa. Ele deveria explicar por que não pautou nas sessões projetos importantes para a cidade, como a Lei que permitiria o parcelamento de dívidas aos municípes e aumentar a arrecadação da cidade. Temos projetos importantes, que irão ajudar o próximo prefeito, pendentes na Câmara”, disparou Samuca.
O prefeito ainda rebateu que o recesso teria por finalidade “esconder alguma coisa”. Na nota, ele diz que Neném está se confundindo. “Não tenho nada a esconder. Ao contrário, quando um parlamentar de seu grupo político tentou um ato corrupto comigo, eu o denunciei e ele foi preso em flagrante”.
“Sobre o pagamento dos servidores, desde que assumi meu mandato falam sempre a mesma coisa e conseguimos honrar os compromissos. Não sei se o presidente da Câmara tem a compreensão, já que os repasses ao Legislativo estão em dia, mas há uma crise financeira no Brasil e que atingiu finanças de vários municípios. Há uma instabilidade em repasses e bloqueios de conta. E foi isso que disse. Mas tenho certeza que em janeiro o próximo prefeito vai colocar em dia. Eu colocaria”, finalizou o prefeito.