A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) dará mais um passo para o aumento da produção nacional de urânio enriquecido nesta sexta-feira (25). A empresa vai inaugurar, na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), em Resende, a 10ª cascata de ultracentrífugas da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio. Com a ampliação, a INB finaliza a primeira fase da implantação e reduz o seu grau de dependência na contratação do serviço no exterior para a produção de combustível das usinas nucleares nacionais.
A entrada em operação da 10ª cascata de ultracentrífugas, conjunto de equipamentos que realiza a concentração do urânio em seu isótopo físsil, capaz de gerar energia, possibilitará o alcance da capacidade de produção para atendimento de 70% da demanda das recargas anuais da usina nuclear Angra 1, correspondendo a um acréscimo de cerca de, aproximadamente, 5% em relação à capacidade atual. A tecnologia de enriquecimento do urânio pelo processo da ultracentrifugação foi desenvolvida no Brasil pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. De acordo com a World Nuclear Association, o Brasil faz parte de um seleto grupo de 13 países reconhecidos internacionalmente pelo setor nuclear como detentores de instalações para enriquecimento de urânio com diferentes capacidades industriais de produção.
Ampliação – A implantação da Usina de Enriquecimento de Urânio da empresa, projeto industrial estratégico do Ciclo do Combustível Nuclear, foi iniciada em 2000 na fábrica de Resende. Em 2006, foi inaugurada a primeira cascata de ultracentrífugas, fato que inseriu o Brasil no seleto grupo de países detentores dessa tecnologia.
A implantação da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio está sendo realizada, de forma modular, em duas fases. A segunda será composta por trinta cascatas.
O projeto para a implantação da segunda fase, denominada Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio, já foi iniciado com o projeto básico, que se encontra em elaboração, e com a solicitação de licenças aos órgãos de fiscalização: Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Quando a implantação da usina estiver concluída, o Brasil passará à condição de autossuficiência de enriquecimento de urânio. A previsão é que, até 2033, a INB seja capaz de atender, com produção totalmente nacional, as necessidades das usinas nucleares de Angra 1 e 2 e, até 2037, a demanda de Angra 3.
Urânio – O urânio encontrado em sua forma natural não produz energia. O processo de enriquecimento é realizado para separar e aumentar a concentração de um dos isótopos do urânio, que sofre um processo de fissão nos núcleos dos reatores nucleares. A INB produz urânio enriquecido a até 5% em peso do isótopo 235 para a fabricação dos combustíveis que abastecem as usinas Angra 1 e Angra 2 e, no futuro, também Angra 3.
O enriquecimento isotópico de urânio é uma das etapas do ciclo de combustível nuclear que contempla a mineração e o beneficiamento, conversão, enriquecimento, reconversão, fabricação de pó e pastilhas, fabricação do combustível nuclear e geração da energia nuclear. (Foto: Divulgação)