“Nem tudo é como parece ser”. A frase nunca fez tanto sentido. Agredido covardemente por dezenas de pessoas na madrugada do domingo (17), no bairro Jardim Amália, em Volta Redonda, o jovem de 20 anos, morador de Volta Redonda, que teve seu Honda City depredado, conversou com o INFORMA CIDADE sobre o ocorrido. Contrariando as imagens que circularam pelas mídias sociais, ele contou que se não fosse o motorista de aplicativo que aparece no vídeo, ele teria morrido.
O jovem contou que as imagens não mostram perfeitamente o que aconteceu. “Nos vídeos que circularam, a impressão que quem assiste tem, é que o motorista de aplicativo que aparece nas imagens, me agride covardemente, o que não corresponde com a verdade. Ele pegou a barra de ferro – usada pra travar o volante do carro – e tentou me puxar pra me proteger. Quando viu que a barra estava mais atrapalhando do que ajudando, ele guardou o objeto e me protegeu usando o corpo, inclusive chegou a levar alguns pontapés e tapas”, disse o agredido. O rapaz ainda contou que se não fosse o motorista de aplicativo e um policial que estava à paisana, que chegou a atirar para o alto, ele crê que não sairia vivo de lá. Foram os dois que levaram ele pra casa. Assim que chegou, ele foi à um hospital particular da cidade, onde foi atendido e liberado em seguida com hematomas pelo corpo. Ele também contou que apesar de não desejar o mal a quem o agrediu, tomará as providências judiciais necessárias.
O motorista de aplicativo que aparece nas imagens, também falou com o INFORMA CIDADE. Ele contou que foi fazer o bem e está sendo atacado como se fosse um monstro. “Preciso de ajuda. O que aparece nos vídeos, não corresponde a realidade. Fui ajudar o rapaz que estava sendo agredido e estou sofrendo ameaças de todos os lados. Já deletei minhas redes sociais, fui banido do Uber e do 99, aplicativos que eu trabalhava. Tenho 3 filhos pra criar. Estou desempregado e agora tiraram a forma de sustentar minha família. Na madrugada do ocorrido, eu não estava alcoolizado nem nada… Estava trabalhando!” disse o agora ex-motorista de aplicativo. Ele também contou que nesta terça-feira (19), vai até a delegacia de Volta Redonda registrar as ameaças que está sofrendo.
Delegado ouve sete envolvidos e agredido
A delegacia de Volta Redonda abriu inquérito para apurar a agressão sofrida pelo jovem. O delegado Wellington Vieira ouviu nesta segunda-feira (18), sete suspeitos de participarem da confusão. A vítima também prestou depoimento, acompanhada de um advogado. O jovem afirmou que estava passando com seu carro no meio do público que havia acabado de deixar uma boate, onde aconteceu a festa dos participantes do Torneio Universitário do Sul Fluminense, quando pessoas começaram a bater na lataria do veículo. Disse também que ficou assustado e tentou sair do local, quando então bateu no carro do motorista de aplicativo. A partir daí, de acordo com ele, mais pessoas se juntaram e começaram a socar e dar pontapés no veículo. O jovem, que estava sozinho, foi agredido e por pouco não foi linchado. O carro ficou completamente destruído.
O delegado Wellington Vieira classificou o caso, que teve repercussão nacional, como uma barbárie, lembrando que o jovem poderia ter sido morto. Apesar desta avaliação, ele explicou que, inicialmente, os envolvidos vão responder por lesão corporal e dano qualificado.
Foto: Reprodução