Diretor do Instituto Médico Legal de Volta Redonda (IML), o médico legista Ricardo Barcellos divulgou uma nota na tarde desta quinta-feira (15) afirmando que todo o procedimento para tentativa de identificação do corpo encontrado no dia 23 de dezembro do ano passado, no Rio Paraíba do Sul, em Barra do Piraí, foi feito, além das digitais e arcada dentária, com base nas informações das características passadas durante a confecção do registro de ocorrência na delegacia pela família. Alessandra Aparecida Paulino, mais conhecida como “Tia Chica”, diz que o corpo é de seu filho Johnatan Gilberto Paulino da Silva, de 34 anos, alegando que ele foi enterrado como indigente e que aguarda, há quatro meses, o resultado do exame de DNA.
Segundo Ricardo, além da impossibilidade de identificação pelos dois métodos iniciais, houve também uma divergência de informações prestadas no boletim de ocorrência feito no dia do desaparecimento, relacionadas à altura, roupa e acessórios usados por Johnatan quando desapareceu em comparação a quando foi encontrado sem vida. “A todo momento estão disponibilizadas todas as informações do caso à família de Johnatan, entretanto, não havia nenhuma condição técnica confiável de se afirmar que o corpo em questão fosse de fato ele”, disse, acrescentando que em nenhum momento o Instituto Médico Legal descartou a possibilidade do corpo realmente ser de Johnatan.
– Tal possibilidade em momento nenhum foi descartada, razão pela qual foi colhido material biológico do corpo e dos familiares alegados, para exame de DNA. O corpo em questão jamais foi mencionado pelo termo ‘indigente’ e foi tratado com todo respeito e dignidade, que é dispensada a todos os corpos examinados no IML, tendo sido sepultado com o termo ‘Pessoa Não Identificada’ conforme orienta o Código de Normas extrajudiciais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em sepultamento social com o zelo devido a dignidade da pessoa humana, em cemitério já informado inclusive à família reclamante – prosseguiu.
Ricardo lembrou que caso o exame da DNA confirme que a identidade é de Johnatan, o corpo será exumado para jazigo de escolha da família. “Também terá retificação da certidão de óbito como todos os dados da pessoa falecida, com todos esses procedimentos mediante autorização social”, concluiu.
Prazo de 60 dias – O Informa Cidade apurou com fontes ligadas Instituto de Pesquisa Perícias Genética Forense que existe a possiblidade do resultado do exame de DNA de Johnatan sair dentro do prazo de aproximadamente 60 dias. No entanto, a Secretaria de Estado da Polícia Civil, à qual o IML está subordinado, não respondeu ainda oficialmente sobre nenhum prazo.
“Todo o procedimento foi realizado de acordo com as normativas do Instituto Médico Legal (IML), incluindo o sepultamento como não identificado. Como o corpo estava em estado de decomposição, não foi possível confirmar a identidade pelas técnicas iniciais, sendo necessário enviar uma amostra para confronto de perfil genético no Instituto de Pesquisa e Perícia em Genética Forense (IPPGF), juntamente com amostras coletadas de familiar do desaparecido. Atualmente, o material está sendo analisado, a fim de apurar a identidade”.
Nota oficial de Ricardo Barcellos, diretor do IML de Volta Redonda, na íntegra abaixo
O corpo referido pela Sra Alessandra, foi removido para o IML em Volta Redonda em 23/12/2023, já em adiantado estado de decomposição, não oferecendo nenhuma condição de reconhecimento pelas características físicas bem como não foi possível a identificação pelas impressões digitais e demais metodologias técnicas disponíveis. Cabe ainda informar que as vestes e a estatura do corpo não são correspondentes ao que foi informado no RO do desaparecimento do seu filho Johnatan, confeccionado pela própria Sra Alessandra. A todo momento estão disponibilizadas todas as informações do caso à família do jovem Johnatan, entretanto, não havia nenhuma condição técnica confiável de se afirmar que o corpo em questão fosse de fato ele, no entanto, tal possibilidade em momento nenhum foi descartada, razão pela qual foi colhido material biológico do corpo e dos familiares alegados, para exame de DNA. O corpo em questão jamais foi mencionado pelo termo indigente e foi tratado com todo respeito e dignidade que é dispensada a todos os corpos examinados neste IML, tendo sido sepultado com o termo ‘Pessoa Não Identificada’ conforme orienta o Código de Normas extrajudiciais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em sepultamento social com o zelo devido a dignidade da pessoa humana, em cemitério já informado inclusive à família reclamante. Sendo positivo o exame genético que está em andamento, o corpo pode ser exumado para jazigo de escolha da família, bem como a retificação da certidão de óbito com todos os dados da pessoa falecida, todos esses procedimentos mediante autorização judicial.
Ricardo Barcellos, perito médico legista, diretor do Posto de Polícia Técnica em Volta Redonda