Após quase 10 meses de angústia e uma certeza, a comerciante de Volta Redonda Alessandra Aparecida Paulino, a “Tia Chica”, recebeu nesta sexta-feira (18) a confirmação sobre algo de que nunca duvidou: o corpo do homem sepultado como “não identificado” em Vargem Alegre, distrito de Barra do Piraí, é mesmo o de seu filho Johnatan Gilberto Paulino da Silva, de 34 anos.
Datado da última terça-feira (15), o laudo do Departamento de Polícia Técnico-Científica que confirmou a identidade foi entregue à mãe pelo delegado-adjunto de Volta Redonda, José Neto, na 93ª DP, onde Tia Chica, dona de um restaurante no bairro Niterói, compareceu acompanhada da advogada Vanessa Terrade, do Núcleo de Práticas Jurídicas da UFF (Universidade Federal Fluminense) e do representante do MEP-VR (Movimento Ética na Política de Volta Redonda), José Maria da Silva, o Zezinho. O exame que confirmou a identidade foi feito com material genético colhido do pai de Johnatan em abril deste ano.
Em agosto, a comerciante expôs toda a sua indignação por considerar que o filho foi sepultado como indigente, pois disse não ter dúvidas de que o corpo, encontrado na antevéspera do Natal do ano passado no Rio Paraíba do Sul, em Barra do Piraí, era de seu filho – que estava desaparecido desde 19 de dezembro. Ela garante que o reconheceu já a partir da imagem divulgada por uma publicação. O desabafo foi feito em função da espera, que até então já durava quatro meses, pelo resultado do exame de DNA.
O Núcleo de Práticas Jurídicas da UFF e o MEP-VR passaram a apoiar a comerciante para que a questão fosse solucionada. Johnatan foi aluno do MEP-VR em 2018. Agora, Tia Chica terá que cumprir os trâmites legais para que o corpo seja sepultado onde ela desejar e, principalmente, com o nome de Johnatan.
A mãe se disse aliviada. “A gente tem que entender que nem tudo está perdido. Muitas vezes, não conquistamos os nossos direitos porque não buscamos e é preciso buscar, porque há justiça sobre a terra”, disse ela com o laudo em mãos. “Quantos casos eu conheci depois que aconteceu comigo, com pessoas esperando há anos esperando o resultado do DNA?”, lembrou Tia Chica, que, depois das críticas ao IML (Instituto Médico Legal), sobretudo pela forma como diz ter sido tratada, fez questão de destacar o “tratamento humanizado” que recebeu do delegado Neto. “Ele me atendeu com carinho e respeito, como uma mãe que perdeu o filho e estava à procura do corpo. Eu perdi meu filho duas vezes”, acrescentou, emocionada.
A advogada Vanessa Terrade lembrou que o caso da comerciante despertou a atenção para outros. “Nessa luta, ela nos abriu os olhos para uma realidade que a gente não acompanhava. Ela chamou a atenção de tal forma que outros casos se apresentaram para ela. E vamos continuar nesta movimentação com o Ministério Público, o próprio delegado se colocou à disposição para ver o que pode ser melhorado [no andamento dos exames de DNA]. Ver o alívio dela nos dá felicidade, mas também leva à uma reflexão de como o poder público pode apresenta um resultado positivo ou negativo na vida de uma pessoa”. (Fotos: Divulgação)