A construção da usina nuclear Angra 3, no complexo nuclear de Angra dos Reis, será concluída até 2030. A afirmação foi feita pelo presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, em entrevista à Sputnik Brasil. A retomada de construção da usina – que terá potência produtiva de 1.405 MW (Megawhatt) – Angra 3 está ocorrendo de maneira diferente das tentativas anteriores de dar continuidade à construção da usina, quando a própria Eletronuclear fazia os contratos. Segundo Lycurgo, a mudança é para evitar as constantes paralisações que marcam a obra.
Na entrevista, o presidente da Eletronuclear afirmou que o projeto de retomada está sendo feito sob supervisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que entregará seu estudo no início do segundo semestre. “Contrata-se o BNDES como um banco que tem expertise, conhecimento, [que é] extremamente tarimbado, talvez o banco que tem mais experiência em obras complexas de infraestrutura no Brasil”, disse.
O BNDES vai estudar desde a modelagem dos contratos à estruturação do financiamento, que deve ser na casa de R$ 20 bilhões. Uma vez entregue, o estudo ainda precisará ser aprovado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa Energética (CNPE). “Isso deve ocorrer até o final do terceiro trimestre de 2024”, prevê Lycurgo.
“Isso ocorrendo, conforme esse calendário, possivelmente a licitação internacional esteja concluída em meados de 2025, com o contrato deslanchando de 2025 em diante. E aí cinco anos para ser entregue essa usina”, acrescentou.
Ele explicou que será feito um tipo de contrato em que a empresa contratada deverá entregar a obra pronta para uso imediato. “Até pelo tamanho da operação”, diz Lycurgo, provavelmente a empresa contratada será uma “EPCista”, ou seja, um consórcio de firmas, cada uma com a sua especialidade, como construção civil, instalação dos equipamentos, comissionamento e testes, entre outros. “Ninguém tem a competência para fazer todas as fases sozinho”, apontou o dirigente na entrevista.
Angra dos Reis sedia as duas usinas nucleares do país, que respondem por cerca de 2% da matriz energética brasileira. Contudo, para o presidente da Eletronuclear, o Brasil tem potencial para duplicar esse número. Lycurgo destaca que, embora pareça um aumento pequeno, de 2% para 4% a 5%, a ideia principal é “substituir as usinas de carvão”, que são as mais poluidoras do meio ambiente. (Foto: Divulgação / Eletrobras)