O Volta Redonda Futebol Clube completa 46 anos de fundação nesta quarta-feira (9). É uma data especialíssima, claro, para os torcedores do time, sobretudo para o engenheiro aposentado Carlos Frederico Pacheco Serrão. É ele o autor do hino oficial do clube.
Fundado em 1976, como está na letra, até o início dos anos 1980 o Tricolor de Aço não tinha um hino. Serrão, um carioca que veio para Volta Redonda em 1959 para jogar voleibol, estudou engenharia em Barra do Piraí e ingressou na Companhia Siderúrgica Nacional, compôs a letra quando retornava de uma viagem a São Paulo.
“Li uma entrevista do Katuca [Carlos Alberto Galvão, então supervisor de futebol do Voltaço], em que ele estranhava o Volta Redonda não ter um hino. Comecei a escrever e fiz a letra durante a viagem”, conta Serrão, hoje com 84 anos.
Em Volta Redonda, ele procurou o pessoal da banda de música da CSN. “Eles me ajudaram. Quem fez a partitura foi o maestro Nélio Cardoso de Medeiros. Eu não sei fazer partituras”, ressalta o autor do hino.
Entretanto, a música, tal como o esporte, está no DNA de Serrão. Filho de Frederico Taveira Serrão, campeão brasileiro de esgrima pelo Fluminense, ele é sobrinho-neto do maestro Francisco de Assis Pacheco, que regeu orquestras inclusive na Europa, e tem como parentes também o maestro Diogo Pacheco e o tenor Armando Pacheco. “A partir do tema, eu consigo desenvolver a música”, afirma Serrão, que já tem no Youtube uma música de incentivo ao Brasil na Copa do Mundo do Qatar.
Pelas origens do pai, criado entre Ipanema e o Leblon, Serrão praticava vôlei e veio para Volta Redonda integrar o time da cidade, então mantido pela CSN. “De 1959 a 62 Volta Redonda tinha um dos melhores times de vôlei do Brasil, com quatro atletas na Seleção Brasileira”, lembra o aposentado, também apaixonado pelo xadrez.
Troca de tricolor – Já atuando como engenheiro na companhia, Serrão viu nascer o Voltaço há exatos 46 anos. E diz, de maneira categórica, que naquele momento um novo tricolor conquistou sua predileção: “Eu era torcedor do Fluminense, mas logo que o Volta Redonda surgiu eu me identifiquei [com o clube]. É o time da minha cidade, onde vivo, me casei [com Dalila, há 57 anos] e criei minhas filhas. Virei um torcedor doente”.
Serrão recorda também que, antes de o hino, em diversos estilos, preencher um CD, a saudação ao Voltaço foi gravada numa fita de rolo e que as emissoras de rádio de Volta Redonda e Barra Mansa passaram a reproduzir em suas transmissões sempre que o Voltaço entrava em campo. “As pessoas foram se acostumando, até que o [prefeito Antônio Francisco] neto resolveu mandar gravar o CD”.
Com o presente eterno dado ao clube, o engenheiro aposentado diz que espera de retribuição um presente possível de ser compartilhado com todos os torcedores: “É o time subir para a Série B do Campeonato Brasileiro este ano”.