A Prefeitura de Volta Redonda, através da Secretaria Municipal de Assistência Social (Smas), em parceria com as secretarias municipais de Ordem Pública (Semop) e de Políticas para Mulheres e Direitos Humanos (SMDH), juntamente com o Ministério Público e grupos da sociedade civil que realizam o trabalho voluntário de distribuição de alimentação para pessoas em situação de rua, participaram de um encontro nesta segunda-feira (24), no auditório do Palácio 17 de julho.
O objetivo do encontro foi estreitar as relações e conhecer as ações desenvolvidas por essas entidades, além de mostrar a elas a rede de proteção disponibilizada pela administração municipal para o público-alvo. Assim, a prefeitura espera desenvolver uma parceria com essas instituições, beneficiando ainda mais as pessoas em situação de rua.
Entre as principais propostas levantadas durante o encontro estão o funcionamento do Centro Pop nos fins de semana e feriados; realização de campanhas de orientação à população sobre doação de dinheiro; clínicas para tratamento; implantação de projetos integrados de saúde; articulação através do Comitê de População de Rua para melhor direcionar as situações da população em situação de rua, entendendo a complexidade das questões ligadas a esse público, entre outras.
O encontro contou com a participação de representantes das forças de segurança, da igreja católica, do Comitê de População de Rua da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Câmara Municipal e da sociedade civil.
O vereador Renan Cury, que estava representando da Câmara Municipal de Volta Redonda, destaca que o motivo da reunião é de buscar soluções para problemas que estão acontecendo em Volta Redonda
“Sabemos que nossa cidade tem uma rede de assistência fenomenal, talvez a melhor do Brasil. Mas nesse momento precisamos orientar a população e mostrar uma forma correta de ajudar. Recebo muitas reclamações e relatos da população. Muitos idosos me contam que doam dinheiro por pena, achando que estão ajudando. Mas isso só contribui para que eles continuem na rua. Precisamos fazer uma campanha de orientação. Conscientização sim, esmola não.
Queremos que essas pessoas saiam da rua e se integrem a sociedade. Estou a disposição para contribuir no que for necessário”, sugeriu o vereador.
A assistente social Joveline Batista Tomaz ressaltou que o encontro é de suma importância, pois a administração municipal passou a entender os mecanismos utilizados pela sociedade civil para auxiliar com a alimentação dessa população.
“Nosso objetivo é buscar alternativas para promover a possível saída das ruas dessas pessoas, promoção da autonomia e reinserção no mercado de trabalho e, consequentemente, na sociedade. Precisamos de momentos de trocas como esse e divulgar nossos serviços”, disse Joveline.
De acordo com a secretária municipal de Assistência Social, Rosane Marques, com essa iniciativa a prefeitura vai trabalhar na garantia de direitos, viabilizando o acesso dessas entidades aos serviços públicos.
“O poder público reconhece que esses grupos são parceiros na assistência à população em situação de rua no município. Nosso objetivo é que, juntos, possamos organizar essa distribuição de alimentos para que seja mais efetiva”, afirmou a secretária.
O promotor de justiça Leonardo Kataoka, da 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Ministério Público de Volta Redonda, ressaltou que o Ministério Público é mais uma engrenagem nessa máquina. “Esse encontro é muito importante para possibilitar o diálogo e parceria entre os órgãos públicos de assistência social com a sociedade civil organizada, que presta apoio a essas pessoas em situação de rua. Esse diálogo possibilita a definição de estratégias para que a atuação, tanto da sociedade civil quanto do Poder Público, seja mais eficaz”, ressaltou Kataoka.
O padre Juarez Carvalho Sampaio, vigário episcopal para o Cuidado da Vida e da Casa Comum, ressalta que essa é uma oportunidade de ver a cidade se mobilizando em torno dessa população. “Uma sociedade que senta e debate e busca soluções é uma sociedade que está buscando caminhos, de acolhimento em primeiro lugar. A vida é um dom precioso de Deus e a gente deve cuidar dela, desde a sua concepção até o fim natural. Tudo que ameaça a dignidade e a integridade da vida deve ser um compromisso de toda religião, mas da sociedade também, que preza pelo bem comum”, disse o padre.
O deputado estadual Munir Neto lembra que Volta Redonda é uma das poucas cidades do Brasil que tem uma rede de atendimento completa para atender a população em situação de rua. “Aqui implantamos todos os equipamentos da assistência social para esse público. Nosso objetivo é reintegrar essas pessoas na sociedade e à família. Só através da união da sociedade civil com o Poder Público iremos conseguir que isso aconteça. Vamos unir forças”, disse o deputado.
Uma nova reunião será marcada, em breve, para discutir e colocar em prática as sugestões das ações.
Volta Redonda conta com rede completa de assistência à população em situação de rua
O Serviço Especializado em Abordagem Social é ligado ao Depes (Departamento de Proteção Especial) da Smas e promove busca ativa às pessoas em situação de rua, com o objetivo de estabelecer vínculos de confiança para ingressarem na rede de proteção do município, ou promover a reinserção familiar. A equipe é formada por assistente social, psicólogo e educador social.
No Centro Pop, no Aterrado, as pessoas em situação de rua contam com alimentação, higiene pessoal, serviço de retirada de documentos, contato familiar, atendimento psicossocial, além de receberem encaminhamentos necessários à construção do Plano de Acompanhamento Individual ou Familiar.
Após atendimento no Centro Pop, quando é identificado que a pessoa não mora em Volta Redonda, o Serviço de Atendimento ao Migrante (SAM) faz a concessão de passagem rodoviária aos usuários em trânsito. A unidade fica na Rodoviária Municipal, mas é necessário que todo e qualquer usuário seja atendido anteriormente pelo Centro Pop.
Já o Abrigo Municipal Seu Nadim, no bairro Nossa Senhora das Graças, é um espaço de acolhimento provisório para adultos munícipes em situação de rua, encaminhados pelo Centro Pop, a fim de resgatar os vínculos familiares, sociais e comunitários, assegurando a autonomia dos usuários.