Conhecer, compartilhar e valorizar. São com esses princípios que a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres e Direitos Humanos (SMDH) lançou nesta quinta-feira (17), no Memorial Zumbi, o projeto “Se Liga no Papo”, que vai contar histórias de moradores de Volta Redonda que lutam pela a Igualdade de Direitos e Direitos de Oportunidade. A iniciativa conta com apoio da secretaria de Cultura e da Fundação CSN. As duas primeiras personagens a participarem do projeto foram Mãe Célia Morais, que mantém um terreiro de Umbanda na cidade, e a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Sul Fluminense, Jorgina dos Santos.
O projeto vai convidar lideranças de diversos movimentos populares ligados à comunidade negra para contarem ao público sobre suas histórias de vida, e como o racismo afetou e afeta em seu cotidiano. E como superar o preconceito na sociedade brasileira. Os depoimentos serão dados e registrados em vídeo, com a presença de público, no Memorial Zumbi, espaço representativo de resistência e valorização da cultura negra em Volta Redonda. Em seguida, eles serão divulgados em ações nos bairros, escolas e em equipamentos públicos e privados. O foco é atingir os jovens.
Durante o lançamento do projeto, a secretária de Políticas para as Mulheres e Direitos Humanos, Glória Amorim, elogiou a iniciativa que chamou de “resgate da cidadania e da luta dessas pessoas que ajudaram a construir a história de Volta Redonda”.
“É um belo projeto que teve como idealizadora a Juliana Sampaio, da área de Igualdade Racial da nossa secretaria. E teremos muitos outros. Eu quero agradecer às parcerias: o apoio da Fundação CSN, aqui representada pela Giane de Carvalho, coordenadora do Centro Cultural Fundação CSN. Os jovens precisam conhecer essas histórias de vida, de conquistas. Elas ficarão registradas”, disse Glória Amorim, emocionada.
Para Giane de Carvalho, da Fundação CSN, o projeto reflete o papel da mulher e o racismo na sociedade brasileira, sendo uma ação especial abraçada com muito carinho pela instituição privada.
Resistência e luta pela igualdade – Mãe Célia e Jorgina são duas pessoas com histórias semelhantes. Mulheres pretas e nascidas em Volta Redonda, filhas de mineiros que chegaram à cidade para trabalhar no início da instalação da CSN. Em comum na vida de ambas está a luta contra o preconceito, desigualdade e a favor da integridade social.
“A maioria das trabalhadoras domésticas, mais de 90%, é de mulheres negras. Eu trabalhei como doméstica desde os 15 anos, tendo sido a primeira presidente eleita do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas, e tenho orgulho dessa luta. É maravilhosa a iniciativa da secretaria com o apoio fundamental da CSN, ajudando na igualdade social”, destacou Jorgina.
Para Mãe Célia, o projeto vai servir de reflexão para a juventude – “O mundo não quer guerra, o mundo quer compartilhar conhecimentos, sabedoria. Este acontecimento é importante por reconhecer, valorizar as mulheres; mulheres pretas, porque tanto eu como a Jorgina somos pilares da sociedade brasileira. É a força da religiosidade de uma matriz africana com a cidadania”, enfatizou.