Uma manifestação contra o racismo está programada para acontecer nesta sexta-feira (8) na porta do Centro Municipal de Educação Infantil Dauro Aragão, no bairro Tangerinal, em Volta Redonda. O ato acontece uma semana após a cabeleireira Hosana da Silva Moraes, de 37 anos, denunciar na delegacia, ter sofrido injúria racial por parte de uma mulher no estacionamento da creche. Ela, que possui um salão voltado para cabelos crespos e afros no bairro Santo Agostinho, relatou que foi ofendida por diversos xingamentos, dentre os quais “preta do cabelo duro”.
Segundo Hosana, as injúrias foram presenciadas por diversos pais de alunos, que marcarão presença, às 15 horas – horário de saída das crianças -, em um protesto pacífico e silencioso. “O racismo não deve ser tolerado. Como forma de protesto e luta contra esse ato inaceitável, convidamos a todos para uma manifestação silenciosa. Venha de vestido de preto para buscar seu filho e nos apoie na luta contra o racismo!”, convocou. De acordo com ela, na manhã do último dia 1º, ao abrir a porta para desembarcar com a filha de 1 aninho do carro já estacionado, outro carro que seguia pela Rua 28 acabou batendo na porta. A colisão quebrou o retrovisor do veículo que trafegava pela via.
Segundo a cabeleireira, a carona, de 23 anos, saiu do carro completamente alterada dizendo: “Você está doida?”. Hosana disse que, humildemente, pediu desculpas pelo ocorrido, porém a jovem, que seria estudante e também mãe de uma criança da creche, continuou de forma agressiva. “Eu só não te bato porque você está com uma criança no colo. Eu arranco esse cabelo duro! Eu vou te pegar, eu já marquei a sua placa e você vem na escola todo dia. Sua preta do cabelo duro!”, teria dito.
“Estou me sentindo mal, angustiada e fui constrangida no meio da creche. Ela não tinha o direito de me chamar disso por conta de um retrovisor. Eu tenho orgulho da minha cor e me especializei na minha profissão justamente pela carência de salões afros e crespos na cidade. Ela é um perigo para a sociedade, uma desequilibrada e eu vou processar ela”, afirmou. A vítima fez questão de ressaltar que foi prontamente acolhida pela creche. “Os funcionários me deram água e me acalmaram. As testemunhas das injúrias me orientaram a abrir um boletim de ocorrência na delegacia”, concluiu.
O Anuário de Segurança Pública aponta que as denúncias de racismo aumentaram mais de 170% no estado do Rio de Janeiro de 2022 para 2023. Em 2022, foram 322 denúncias de racismo, enquanto em 2023 o número quase triplicou. Foram 890 registros do crime. A pena para os casos de racismo ou injúria racial é prisão de dois a cinco anos, além de multa. Não cabe mais fiança e o crime é imprescritível, ou seja, pode ser julgado a qualquer momento – independente da data em que foram cometidos.