Hoje, 7,6 milhões de pessoas no planeta morrem em decorrência da doença a cada ano. Dessas, 4 milhões têm entre 30 e 69 anos. E para conscientizar as pessoas sobre prevenção e controle da enfermidade, além de levantar questões atuais sobre a doença à população mundial, foi estabelecido que o dia 4 de fevereiro é o Dia Mundial do Câncer. A oncologista clínica Heloisa Resende é professora das disciplinas de Oncologia e Epidemiologia Clínica do curso de Medicina do UniFOA e explica que o tema cancerologia é de extrema relevância, não somente pelas altas taxas de incidência e prevalência de neoplasias malignas em nossa população, mas também pelas altas taxas de morbidade e mortalidade a que está relacionado.
Especialistas do mundo todo apontam que providências urgentes precisam ser tomadas para aumentar a conscientização e gerar estratégias práticas para lidar com o câncer, pois pesquisas mostram que em 2025, mais de 6 milhões de mortes prematuras possam ocorrer. Pela estimativa, cerca de 1,5 milhão de mortes anuais poderiam ser evitadas com medidas adequadas. O assunto é debatido em sala de aula pela professora Heloisa, já que o Brasil, assim como outros países da América Latina, apresenta taxas de diagnóstico em estados mais avançados se comparadas aos países de IDH muito alto.
“Para mitigar taxas de mortalidade e sequelas relacionada ao tratamento, é essencial uma estratégia de controle ou atenção às neoplasias em que se priorize o diagnóstico precoce”, defendeu. De acordo com a professora, algumas iniciativas têm sido feitas pelo governo brasileiro neste sentido, como os programas de atenção oncológica, criação de unidades de alta complexidade dedicadas ao tratamento, campanhas de conscientização e disponibilização de exames de rastreamento.
“Entretanto é desejável que tais campanhas sejam ampliadas e intensificadas. O câncer é uma doença muito complexa e mesmo com altos investimentos em tratamento ainda há elevadas taxas de mortalidade em alguns tumores”.
Doença não escolhe idade ou condição econômica
Conforme o Instituto Nacional do Câncer–INCA, o nome (câncer) é dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo.
Os diferentes tipos da doença correspondem aos vários tipos de células do corpo. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas.
Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes, conhecida como metástase.
Não existe uma origem única para o seu desenvolvimento, pois são inúmeras causas externas, presentes no meio ambiente e provocadas pelo próprio ser humano, e internas – hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas. De acordo com pesquisas, 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas.
Podemos citar exemplos como mudanças no meio ambiente pelo próprio homem, além dos hábitos e o estilo de vida que podem aumentar o risco de diferentes tipos de câncer. Já as causas internas estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Apesar de o fator genético exercer um importante papel na formação dos tumores, são raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos.
“A vacina existe para alguns poucos tipos de câncer e ainda está em caráter experimental. Aqui devemos explorar estratégias de prevenção primária combatendo por exemplo, fatores de risco para o desenvolvimento do câncer, como a vacina contra o vírus HPV que impedirá a contaminação pelo vírus, o qual poderia levar ao surgimento do câncer”, salientou a professora Heloísa.
– não fumar;
– adotar uma alimentação saudável;
– manter o peso corporal adequado;
– praticar atividades físicas;
– amamentar;
– realizar exame preventivo de câncer do colo do útero a cada três anos, para mulheres com idade entre 25 e 64 anos;
– vacinar as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos contra o HPV;
– vacinar-se contra a hepatite B;
– evitar bebidas alcoólicas;
– evitar carnes processadas;
– evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h;
– evitar a exposição a agentes cancerígenos no ambiente de trabalho.