Um homem acusado de matar a ex-companheira há quase 15 anos, em Angra dos Reis, foi preso na quinta-feira (21). Contra Marcos Paulo da Silva Pinto havia um mandado de prisão preventiva, expedido pelo juiz Nando Machado Monteiro dos Santos, da 1ª Vara Criminal de Angra, que foi cumprido na cidade de Cachoeiras de Macacu, na região metropolitana do Rio. O suspeito é acusado também de ocultação de cadáver.
O caso do desaparecimento de Viviane Machado Modesto da Silva havia sido arquivado, mas foi reaberto este ano pela Polícia Civil, após novos desdobramentos. Em junho deste ano, o filho dela, que à época do caso tinha apenas 2 anos, foi encontrado pela avó na casa do pai, em Cachoeiras de Macacu. Desde o desaparecimento de Viviane, o neto era procurado pela avó materna.
Com a reabertura do caso, Marcos foi denunciado à Justiça. De acordo com a denúncia, Viviane morava em São Gonçalo e foi atraída para uma emboscada, sendo mantida em cárcere privado por um breve período em Angra dos Reis, onde o crime teria sido praticado. Ela nunca mais foi encontrada.
A denúncia foi ajuizada no último dia 19. A acusação aponta que, no período compreendido entre os dias 26 de outubro de 2008 e 15 de novembro de 2008, numa habitação próxima à beira da praia em Angra, Marcos praticou atos agressivos contra sua ex-companheira, que teria sido morta em seguida.
Emboscada – Segundo a denúncia, o crime de homicídio consumado, com agravante de feminicídio, foi praticado “por motivo torpe, considerando que o suspeito não concordava e não aceitava o fim do relacionamento com Viviane, tendo se mostrado extremamente ciumento e possessivo, mesmo após a separação”. O assassinato, prossegue o MPRJ, também foi praticado mediante dissimulação, considerando que Marcos, após desaparecer por vários dias com o filho menor do casal, reapareceu com o bebê na porta da casa de Viviane, em São Gonçalo, atraindo a ex-companheira para uma emboscada, com a alegação de que queria levá-la para comemorar o aniversário de 2 anos da criança.
Porém, chegando ao destino final, em Angra dos Reis, o acusado “matou a ex-companheira, ocultando seu cadáver até os dias atuais e dificultando sua localização por parte dos seus familiares”.
Ainda de acordo com a denúncia, existem “fortes evidências” de que o denunciado agiu da mesma forma com outras vítimas, que também foram mortas e com cadáveres ocultados, agindo sempre com um mesmo padrão: “namorava e passava a se relacionar de forma mais duradoura, porém por poucos anos, com mulheres mais novas, de pele negra, afastando as mesmas da sua família de origem, não as deixando ter contato com o mundo exterior, trabalhar ou estudar. Após algum tempo, não aparecia mais com as mulheres e, quando alguém perguntava a respeito, dizia que o haviam abandonado”, afirma o MPRJ na denúncia.
As investigações destes outros casos estão com as Promotorias de Justiça que possuem a atribuição, já que não ocorreram em Angra dos Reis. Segundo o MPRJ, Marcos se mudava com frequência com a família, já tendo residido em São Gonçalo, Cabo Frio, Angra dos Reis, Búzios, Campo Grande e Cachoeiras de Macacu.
“No caso concreto, examina-se um gravíssimo assassinato, com forte influência de violência de gênero, aliado à ocultação de cadáver, que persiste até os dias atuais, em delitos que possuem pena máxima em um patamar superior a quatro anos. Os fatos narrados no presente processo, caso sejam comprovados, representam um triste retrato do machismo em nossa sociedade, materializando em um repugnante assassinato, com a ocultação de cadáver e a tentativa de apagar uma pessoa da história, privando seus descendentes de conhecer sua origem e vida”, afirmou o juiz ao avaliar o caso e autorizar a prisão de Marcos Paulo.
As informações são do MPRJ e do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de janeiro (TJ-RJ). (Foto: Reprodução)