A operação “Futebol Clandestino”, deflagrada na manhã desta quarta-feira (23) pelo Ministério Público estadual (MPRJ) e a Polícia Civil, coordenada pela delegacia de Barra Mansa, já tinha 36 suspeitos presos até o momento desta publicação. Todos foram levados para o Parque da Cidade, no Centro, próximo à delegacia de Barra Mansa.
A informação foi dada pelo MPRJ, segundo o qual a investigação teve início em Barra Mansa e foi fundamentada em quebras de sigilo de dados de dispositivos apreendidos com traficantes da cidade, conseguindo identificar o funcionamento “de estruturada organização criminosa atuante em municípios da região Sul Fluminense, incluindo Angra dos Reis”. Por isso, a denúncia foi dividida em seis principais núcleos de atuação, sendo eles Barra Mansa, Volta Redonda, Barra de Piraí, Angra dos Reis, Resende e Rio de Janeiro.
Durante a investigação foi comprovado, inclusive por meio de registros audiovisuais armazenados nos dispositivos apreendidos, “a violência praticada pelos criminosos, que se valiam de armas de fogo de alto potencial lesivo para o controle de seus territórios e a prática de homicídios de devedores, traficantes rivais e para o confronto com as forças policiais atuantes na região”.
A liderança no núcleo Barra Mansa é exercida, segundo o MPRJ, pelo denunciado Emiliano de Melo, O “Favela”, que coordenaria o fluxo de venda de drogas em diferentes localidades, junto com seu filho, o também denunciado Alan Lucas Eurico de Melo, o “Al”. O núcleo Volta Redonda é liderado, também de acordo com o MPRJ, por Thiago Cláudio Duarte Chagas, o “Thiago Cabeça”, responsável por coordenar todas as ações adotadas pelos outros integrantes, inclusive a execução de usuários devedores e de outros traficantes. No núcleo Barra do Piraí, um dos responsáveis citados na denúncia Igor Machado Trindade.
A denúncia relacionou ainda integrantes do tráfico nos núcleos Resende, Angra dos Reis, na região da Ilha Grande; e no Rio de Janeiro, especificamente na Vila Kennedy, local apontado como fonte de drogas para as comunidades do Médio Paraíba. Segundo o Ministério Público, o nome da operação, Futebol Clandestino, foi inspirado no nome de um dos grupos de Whatsapp utilizados pelos traficantes para tratar das áreas gerenciadas pelos criminosos na região, no qual tratavam da aquisição e distribuição de drogas, armas, munições, materiais para embalar entorpecentes, bem como para a troca de informações sobre alvos que seriam policiais e traficantes de facção rival em atuação na região. Em outro desses grupos de Whatsapp, chamado União Sul Fluminense, foi identificada a participação de mais de 150 integrantes do tráfico de diversas cidades da região, todos pertencentes à mesma facção criminosa. Outros grupos eram restritos a cidades ou bairros específicos. Havia, ainda, a existência de grupos específicos integrados pelas lideranças do tráfico, dentre eles um chamado “Controle Pó de 50”, no qual faziam o intercâmbio de informação no nível gerencial e a própria contabilidade das atividades financeiras realizadas pela organização criminosa.
Entre os denunciados estão 20 mulheres e 67 homens. Alguns já se encontram presos, e, de acordo com a denúncia, ainda continuam ativos gerenciando a distribuição e comercialização de drogas na região. Diante de tais fatos, foram objeto de novas imputações em relação aos delitos de tráfico e associação para o tráfico de substâncias entorpecentes.