Com um grande aparato policial – mobilizando o Batalhão de Choque da Polícia Militar e agentes do 28º Batalhão da PM – teve início na manhã de hoje o cumprimento da ordem de reintegração de posse de um terreno invadido há cerca de seis meses na região limítrofe entre Volta Redonda (Jardim Belmonte) e Barra Mansa (Getúlio Vargas).
A ordem judicial foi assinada no último dia 19 pela juíza da 3ª Vara Cível de Barra Mansa, Flávia de Melo Balieiro Diniz. O pedido de reintegração foi feito pela empresa Mape Incorporações e Empreendimentos. Líderes da ocupação foram comunicados da ordem de desocupação por três oficiais de Justiça. Até o momento desta publicação, não havia ocorrido nenhum conflito entre polícia e os invasores, apesar da revolta demonstrada por alguns com a destruição de barracos que era realizada por policiais nas partes mais altas enquanto a saída era negociada na entrada do acampamento, no Jardim Belmonte.
A área onde cerca de três mil famílias se instalaram pertenceu à fábrica de cimento Tupi. As pessoas que invadiram o terreno alegam que não têm onde morar nem condições de pagar aluguel. Muitas afirmam que perderam seus empregos devido à crise econômica agravada pela pandemia.
Enquanto repórter do INFORMA CIDADE esteve no local, acompanhando as negociações, alguns começaram a retirar seus poucos pertences, como colchões e cobertores, carregados nos ombros ou em carrinhos de mão. Algumas mulheres choravam. “Não tenho para onde ir. É um sonho de ter um abrigo para minha família que está sendo destruído”, disse uma mulher, que não quis se identificar.
“Eu vou para a casa de um parente no Padre Josimo. Depois, não sei”, disse um homem que deixava o terreno ao lado da mulher e do filho adolescente.
O comandante da tropa de Choque da PM, capitão Maximiliano, conversou com um grupo de invasores e pediu que eles colaborassem para não haver conflito. “Peço a vocês que saiam pacificamente. A ordem judicial é para ser cumprida”, pediu, enquanto os invasores pediam mais tempo para sair, alegando que precisavam definir onde colocariam seus pertences.
Havia pelo menos um caminhão de frete recolhendo palets que estavam no terreno. As famílias diziam que precisavam de mais veículos.
Nem todos os policiais mobilizados entraram no terreno. A maior parte ficou do lado de fora. Dez carros do Batalhão de Choque foram enviados para dar segurança à desocupação. Havia pelo menos outras 15 viaturas do 28º BPM.
Enquanto a desocupação não deslanchava, funcionários das secretarias de Direitos Humanos e Ação Comunitária da prefeitura de Volta Redonda cadastravam as pessoas, seguindo uma recomendação da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que também fazia um cadastro.