Com cerca de 100 mil habitantes, Barra do Piraí figurou, no ano passado, entre as dez cidades fluminenses com o maior percentual de aumento no número de homicídios dolosos no estado, em comparação ao ano anterior. Segundo levantamento do ISP (Instituto de Segurança Pública), o aumento foi de 107%. Nenhuma cidade da região atingiu este patamar. Resende e Paraty, que também figuram na relação, tiveram aumento de 81% e 45% respectivamente.
O crescimento acima do normal para uma cidade que nunca chamou a atenção por índices de violência subindo nesta proporção, levaram a uma resposta ainda no final do ano passado da Secretaria de Estado de Polícia Civil: por determinação do secretário Allan Turnowski criada uma força-tarefa na 88ª DP com a finalidade de apurar de se debruçar sobre os crimes ocorridos no ano passado e levar os autores à prisão.
Não ficou apenas nisso. O escolhido para coordenar os trabalhos foi o delegado Rodolfo Atala, que, depois de sete anos como adjunto em Volta Redonda e apenas seis meses à frente da delegacia de Rio das Flores, assumiu o comando da 88ª DP no dia 15 de dezembro. O trabalho da força-tarefa já rende resultados: enquanto em janeiro de 2020 foram feitas cinco prisões, o número saltou para 18 em janeiro deste ano.
Integrante dos quadros da Polícia Civil desde 2012, o delegado e os investigadores se debruçaram sobre os casos de homicídio e, em pouco mais de um mês, foi deflagrada a maior operação para prender suspeitos de homicídios já realizada na cidade, com o cumprimento de quase todos (foram 13) os 16 mandados de prisão expedidos pela Justiça.
“O que observamos é que muitos homicídios foram praticados por criminosos que não são de Barra do Piraí. Vieram de fora, executaram as vítimas e foram embora. Vinham até Barra do Piraí exclusivamente para cometer homicídios. Isso, num primeiro momento, pode parecer que dificulta o trabalho, uma vez que estes criminosos não são reconhecidos por testemunhas daqui, mas a polícia tem várias formas de agir numa investigação. E conseguimos identifica-los, assim como os mandados de prisão”, disse Atala, depois de confirmar que a raiz dos assassinatos está no tráfico de drogas: “É a disputa por território”.
O delegado, que estreitou ainda mais o contato com a Polícia Militar e também com a Guarda Municipal, acredita que Barra do Piraí “começou o ano mais segura”, porém, não tem dúvidas de que o trabalho não arrefece. “Continuamos trabalhando para ir atrás de outros criminosos que podem tirar a paz de Barra do Piraí”, avisou.