A Polícia Civil de Volta Redonda está investigando uma denúncia de racismo no estacionamento de uma creche no bairro Tangerinal, na manhã de sexta-feira (1º). A vítima da injúria racial é a mãe de uma bebê de 1 ano matriculada no Centro Municipal de Educação Infantil. Um boletim de ocorrência foi aberto na delegacia da cidade comunicando o fato. A mulher, de 37 anos, trabalha como cabeleireira, mora no bairro Santo Agostinho, onde também possui um salão voltado para cabelos crespos e afros. De acordo com ela, por volta das 7h15min, ao abrir a porta para desembarcar com a filha do carro já estacionado, outro carro que seguia pela Rua 28 acabou batendo na porta. A colisão quebrou o retrovisor do veículo que trafegava pela via. Segundo a cabeleireira, a carona, de 23 anos, saiu do carro completamente alterada dizendo: “Você está doida?”.
A vítima disse que, humildemente, pediu desculpas pelo ocorrido, porém a jovem, que seria estudante e também mãe de uma criança da creche, continuou de forma agressiva. “Eu só não te bato porque você está com uma criança no colo. Eu arranco esse cabelo duro! Eu vou te pegar, eu já marquei a sua placa e você vem na escola todo dia. Sua preta do cabelo duro!”, teria dito. Segundo a cabeleireira, a entrada da creche estava lotada de pais no momento do ocorrido.
“Estou me sentindo mal, angustiada e fui constrangida no meio da creche. Ela não tinha o direito de me chamar disso por conta de um retrovisor. Eu tenho orgulho da minha cor e me especializei na minha profissão justamente pela carência de salões afros e crespos na cidade. Ela é um perigo para a sociedade, uma desequilibrada e eu vou processar ela”, afirmou. A vítima fez questão de ressaltar que foi prontamente acolhida pela creche. “Os funcionários me deram água e me acalmaram. As testemunhas das injúrias me orientaram a abrir um boletim de ocorrência na delegacia”, concluiu.
Testemunhas confirmaram na delegacia que a acusada das injúrias estava bastante alterada. Algumas informaram que chegaram a pedir calma à suspeita, solicitando que ela ligasse para a Guarda Municipal para resolver o problema do retrovisor de forma adequada, mas mesmo assim continuava bastante alterada, inclusive, segundo narrou o boletim, tentando tomar o celular de uma das testemunhas, discutindo com todas. Após alguns minutos, ela deixou o local. O jornal mantém espaço aberto para caso a defesa da acusada também deseje apresentar sua versão sobre os fatos.
O Anuário de Segurança Pública aponta que as denúncias de racismo aumentaram mais de 170% no estado do Rio de Janeiro de 2022 para 2023. Em 2022, foram 322 denúncias de racismo, enquanto em 2023 o número quase triplicou. Foram 890 registros do crime. A pena para os casos de racismo ou injúria racial é prisão de dois a cinco anos, além de multa. Não cabe mais fiança e o crime é imprescritível, ou seja, pode ser julgado a qualquer momento – independente da data em que foram cometidos.