A operação Carne Fraca, realizada pela Delegacia do Consumidor do Rio de Janeiro (Decon-RJ) nesta quarta-feira (22), prendeu em flagrante quatro pessoas em Três Rios, onde está a sede da empresa suspeita de comprar e revender para consumo humano 800 toneladas de carnes apodrecidas. As carnes ficaram submersas por vários dias durante as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul no ano passado.
Entre os presos na operação está um dos sócios da empresa Tem di Tudo Salvados. A empresa é autorizada a fazer o reaproveitamento de produtos vencidos e, pelo que apuraram as investigações, alegou aos produtores gaúchos que a mercadoria seria transformada em ração animal. No entanto, pacotes de carnes bovina, suína e de aves estragadas foram postas à venda para açougues e mercados de todo o país. “Temos informações de que a carne foi maquiada para esconder a deterioração provocada pela lama e pela água que ficaram acumuladas lá no frigorífico da capital gaúcha”, disse o delegado Wellington Vieira ao g1.
“Até onde a gente sabe pelas investigações, a carne foi transportada para diversos outros compradores que não sabiam da procedência. Foram 32 carretas que saíram do Sul para diversos destinos do Brasil”, afirmou. “Todas as pessoas que consumiram essa carne correram risco de vida. Quando uma mercadoria fica debaixo d’água, adquire circunstâncias e condições que trazem risco iminente à saúde”, frisou o delegado.
Os agentes da Decon cumpriram oito mandados de busca e apreensão na sede da empresa e em endereços ligados aos sócios. Durante as varreduras, policiais encontraram mais alimentos podres ou vencidos, entre os quais pacotes de carne embalados a vácuo que podem ser do lote deteriorado de Porto Alegre — oito meses depois da tragédia.
Também havia pedaços de carne pendurados em um ambiente sem a temperatura adequada, produtos congelados em prateleiras enferrujadas e sacos de alimentos no chão. “Segundo as notas fiscais, a carne boa estava avaliada em torno de R$ 5 milhões, mas a empresa comprou as 800 toneladas estragadas por R$ 80 mil”, apontou o chefe da Decon-RJ.
Os investigados podem responder ainda pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance em todo o país.
Coincidência – O trabalho de investigação começou no Rio Grande do Sul por uma coincidência: uma das empresas que compraram a carne deteriorada foi justamente o frigorífico que vendeu o produto para a Tem Di Tudo. Os produtores gaúchos acionaram a polícia depois de identificar a carne descartada pela numeração do lote na etiqueta da embalagem.
Agora, a polícia tenta localizar as outras empresas que compraram a carne sem saber que era um produto impróprio para o consumo. A reportagem é do g1. (Foto: Reprodução / TV Globo)