Ser ‘youtuber’, ajudar a família com os gastos e amparar as pessoas em situação de rua que não possuem comida e nem água. Esse é o sonho do barra-mansense Arthur Costa Pimentel, de 12 anos. Atualmente vivendo com a família no Centro de Três Rios, o menino não se intimida com a série de provações em razão de ser portador de Paralisia Cerebral Tetraespástica e Epilepsia de Difícil Controle e já deu a largada inicial para colher os frutos de seu sonho, criando recentemente, com a ajuda dos pais, o canal ‘Arthur Sobre Rodas’. No Youtube, o garoto mostra a sua rotina, as terapias e os tratamentos, as aventuras, os games, sua acessibilidade e muito mais sobre ele nesse mundo “sobre rodas”.
Filho do policial militar Ricardo Oliveira Pimentel e da professora Tatiana Costa Ridolfi Pimentel, a família contou que serão publicados um vídeo grande por semana e ‘shorts’ – vídeos curtos – quase todos os dias. “Até o momento já foram publicados seis vídeos, sendo um maior e cinco shorts. Já faz alguns anos que ele tem esse desejo, mas a correria com os cuidados e internações acabaram adiando esse sonho. Ele começou a cobrar muito para fazermos o canal e então o momento chegou”, contou a mamãe Tatiana, que também trabalha com vendas online. O canal foi criado no dia 8 de julho e já conta com 487 inscritos, sendo descrito por ele como uma rotina ‘atípica’ e cheia de diversão com a família e amigos. Até o momento, o canal já conta com 1.846 visualizações e centenas de curtidas.
De acordo com Tatiana, a ideia de ser um ‘youtuber’ partiu totalmente da cabeça dele. “Quando mais novo, ele dizia que queria ser um atleta nadador. Ele ama nadar e a atividade aquática está presente na vida dele desde os 6 meses de idade. O tempo passou e em um belo dia ele disse: quero ser um Youtuber, é isso que quero! E quando perguntamos porque, o Arthur falou que era para ajudar a família com os gastos com ele e ajudar as pessoas que moram na rua e não tem comida nem água”, explicou, acrescentando que o filho está confiante e animado quanto ao retorno do público perante o canal.
– Arthur espera e acredita muito que o canal dará certo, que as pessoas irão se inscrever, dar ‘likes’ e assim ele ter o retorno necessário para realizar seus objetivos de ajudar a família e as pessoas. Todos os dias ele olha pra conferir os inscritos e likes deixados. Ele disse que o canal é um trabalho divertido – disse.
Paralisia Cerebral – Segundo Tatiana, o parto do Arthur demorou a ser realizado, e devido a isso o filho sofreu uma hipóxia grave, quando há a diminuição da oferta de oxigênio dos tecidos do organismo. “A paralisia cerebral foi em decorrência dessa hipóxia, porém só recebemos o diagnóstico quando ele tinha por volta de 9 meses. Durante esse tempo ele já realizava terapias como fisioterapia e psicomotricidade aquática, por conta do atraso no desenvolvimento. Após o diagnóstico fechado, outras terapias passaram a fazer parte da nossa rotina, e tem sido assim até o dia de hoje”, informou.
Tatiana disse que a epilepsia foi de fácil controle até os 10 anos, mas que de lá pra cá, ela se tornou resistente a ação dos medicamentos o que mudou ainda mais a rotina da família. “Desde 2021 estamos lidando com essa nova realidade. Arthur fez uso de vários medicamentos, passou por cirurgia e ainda estamos em busca de uma estabilização. A epilepsia, no caso do Arthur, é decorrente da própria lesão da paralisia cerebral”, ressaltou.
A mãe contou que até os 6 anos não se percebia diferente das outras crianças. Porém, a partir desta idade, ele começou a questionar as suas condições e, de maneira clara e transparente, respeitando os limites da compreensão do filho, os pais foram revelando, aos poucos, a real noção sobre as suas verdadeiras condições. “Nunca escondemos nada dele. Hoje ele tem total noção sobre sua condição de deficiência e consegue ter os melhores argumentos para sanar a “curiosidade” das pessoas ao redor. É super popular e faz amigos com facilidade”, disse.
Sem romantização e muita luta – Tatiana reforça que a luta é diária e que ela e o marido travam uma batalha em todos os aspectos: sociedade, médicos, reabilitação, escola e terapias. “Não há nada de romântico em ter um filho com deficiência. O meu conselho aos pais que também passam por essa luta é: não foquem a atenção somente nas dificuldades! Evidencie as alegrias, comemore as conquistas, enalteça o amor! Valorize a troca de olhares, o toque, o afeto, sinta o cheiro bom que todo filho tem. Não permita que a rotina corrida de terapias roube o tempo de qualidade. Pare, respire e cuidem-se. E nosso lema é: diagnóstico não é o destino”, concluiu.
Link do canal no Youtube: https://www.youtube.com/@ArthurSobreRodas