A SPA (Sociedade Protetora dos Animais) de Volta Redonda registrou um boletim de ocorrência na delegacia de polícia contra uma mulher que abandonou uma cadelinha, na manhã da sexta-feira (16), no portão da ONG, no bairro São Geraldo. O fato gerou não apenas surpresa, mas muita indignação, porque a mesma pessoa tinha adotado o animal, diretamente na ONG, havia menos de 48 horas.
O abandono foi registrado pelas câmeras de segurança da SPA. A sede da ONG fica na Rodovia dos Metalúrgicos, num ponto de grande movimentação de veículos e, por sorte – a cachorrinha, de um ano de idade, que ainda não ganhou um nome – não foi novamente atropelada. Sim, ela foi doada apenas uma semana depois de ter sido resgatada pelos voluntários, quando foi atropelada na mesma rodovia. Por sorte, o animal teve ferimentos leves na cabeça.
A identidade da pessoa denunciada à polícia não é revelada pela SPA. “Mas ficamos mais surpresos porque se trata de uma pessoa instruída”, disse a presidente da ONG, Carminha Marques. Segundo ela, a mulher esteve na sede na tarde da quarta-feira (14), preencheu o formulário com seus dados e ali mesmo fotos tirou com o animal que veio a abandonar. “Foi ela quem escolheu [o animal]”, frisou Carminha.
As imagens, que foram divulgadas na página da SPA numa rede social, mostram que, depois de soltar a cachorra, a mulher entra no carro e vai embora. As câmeras captaram outros carros passando pela rodovia. O animal chega a entrar na pista como se fosse correr atrás do veículo, mas para, só se movendo de novo quando um carro se aproxima por trás dele. A cadelinha então volta para perto do portão do canil, onde foi encontrada.
De acordo com Carminha, a mulher disse que a cachorrinha é muito agitada e que decidiu deixa-la em frente ao portão porque ninguém atendeu às suas ligações. Na hora em que o animal foi solto, pouco antes das 7h30min, o funcionário da ONG ainda não havia chegado. “Por sorte ele foi mais cedo pegar remédio para um cão que estamos ajudando e a encontrou. Ela não está acostumada a ficar na rua”, contou a presidente da ONG.
CUIDADOS – Carminha explica que em todo o processo de adoção dos animais é explicado aos tutores que há um tempo para adaptação. “Deu algum problema? Leve de volta para nós. Não tem que soltar na rua”, criticou.
Ao doar qualquer animal, a ONG faz um trabalho de acompanhamento durante algum tempo para constatar se ele está sendo bem tratado e adaptado ao lugar para onde foi levado. No ano passado, a ONG doou 15 animais e, coincidentemente, no final do ano, período de agravamento da pandemia de Covid-19, sete retornaram ao abrigo, sendo que dois foram resgatados porque não estavam sendo bem cuidados.
“Não gostamos de fazer isso também. O animal sai do canil, vai para uma casa e depois retorna para o canil. Isso é muito triste”, diz a presidente. Por isso, frisa Carminha, é preciso pensar muito antes da adoção de um pet. “A pessoa precisa ter em conta que vai viver com este animal por pelo menos 15 anos e tem que prestar todos os cuidados, com veterinário e alimentação, por exemplo. Se não tem tempo ou condições de ter, não deve pegar”, orienta. Ela ressalta ainda que quem quer fazer uma adoção deve levar em conta outros fatores, como tamanho do animal e comportamento, além de se informar se o ambiente onde ele será criado é adequado.