O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), denunciou à Justiça o vereador Vander Temponi, de Volta Redonda, por suspeita de tráfico de influência, antes de assumir o cargo na Câmara Municipal. O crime em questão está tipificado no artigo 332 do Código Penal e ocorre quando alguém se vale de sua posição privilegiada em uma organização ou de suas conexões com pessoas em cargos de autoridade para obter vantagens, seja para si ou para terceiros, a pretexto de influir em atos praticados por funcionários públicos no exercício de suas funções. A denúncia foi recebida pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Volta Redonda.
Segundo a denúncia, entre janeiro de 2017 e maio de 2019, Temponi teria se passado por emissário do então prefeito de Volta Redonda, Samuca Silva (Elderson Ferreira da Silva), solicitando vantagens financeiras à uma empresa do setor alimentício, alegando influência nas decisões do prefeito. Ao mesmo tempo, de acordo com a denúncia, ele se apresentava como representante da mesma empresa nos órgãos públicos municipais para, segundo o MPRJ, obter acesso privilegiado à prefeitura e ao contrato de prestação de serviços entre as duas partes.
De acordo com o MPRJ, a denúncia teve origem após Samuca procurar o Ministério Público, ao descobrir que “Temponi usava seu nome para obter lucro ilícito, alegando influência na prorrogação do contrato” da empresa junto à prefeitura de Volta Redonda. Com autorização judicial, também segundo o MPRJ, foram gravadas reuniões entre o ex-prefeito e Temponi. Durante essas gravações, Temponi admitiu receber 2% do valor do contrato entre a prefeitura e a empresa. “O denunciado confessou que recebia quantias mensais da empresa para agilizar o recebimento dos valores dos contratos em andamento e conseguir reuniões com o prefeito”, diz nota divulgada nesta sexta-feira (15) pelo MPRJ.
Em 11 e 12 de agosto de 2022, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, resultando na apreensão de equipamentos eletrônicos, documentos e telefones. A denúncia aponta que, durante a extração de dados do telefone de Temponi, “foram encontradas evidências não apenas do tráfico de influência, mas também de sua participação em uma organização criminosa voltada para obter vantagens financeiras por meio de prejuízos ao erário, no esquema criminoso conhecido como ‘rachadinha’, o que culminou na deflagração da Operação Pratica Nefasta”.
Em junho do ano passado, Vander Temponi foi afastado do cargo de vereador, pela Justiça de Volta Redonda, por seis meses. No entanto, no final de agosto, ele obteve uma liminar no Tribunal de Justiça do Rio para retornar à Câmara.
Ao site Foco Regional, o advogado do vereador, Marcio Delambert, em uma curta nota classificou a acusação de fantasiosa. “Mais uma acusação fantasiosa, promovida para atender interesses inconfessáveis! Assim que for intimado vai apresentar sua defesa e esclarecer amplamente os fatos”.