O cineasta paulistano José Mojica Marins , que ficou conhecido em todo o país pelo personagem Zé do Caixão , morreu nesta quarta-feira, aos 83 anos, em decorrência de uma broncopneumonia. Ele deixa uma obra de mais de 40 filmes como diretor e mais de 60 produções como ator, entre curtas-metragens, longas, documentários e séries. O velório será aberto ao público, no MIS-SP, nesta quinta-feira, em horário ainda a confirmar.
Seu último trabalho na direção foi em “Memórias da Boca” (2015), que reuniu episódios de vários realizadores. Na mesma época, foi visto atuando em “Entrando numa roubada”, de André Moraes, estrelado por Deborah Secco. Nos últimos anos, vivia recluso em São Paulo, já com a saúde debilitada.
Nascido em uma sexta-feira 13, Mojica é considerado um dos mestres do terror mundial. Originalmente sua obra foi desprezada pela crítica brasileira.
Zé do Caixão
O apelido de Zé do Caixão veio do seu personagem mais famoso. Surgido em um pesadelo do cineasta, ele era um agente funerário sádico que aterrorizava uma pequena cidade, desejoso de ser pai de uma criança perfeita. Para isso, precisava encontrar uma mulher tão perfeita quanto —e estava disposto a matar quem cruzasse o seu caminho.
O personagem apareceu pela primeira vez em 1964, em “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”. O longa foi um sucesso de bilheteria, e permitiu não só que o diretor pagasse dívidas pessoais como o tornasse um dos mais nomes mais conhecidos da Boca do Lixo. Dois anos depois, “À Meia-Noite” ganhou uma continuação: “Esta Noite Encarnarei seu Cadáver”.
Pouco depois, em 1968, é a vez de Mojica dirigir “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”. O filme combina três contos, sobre um fabricante de boneca cujas criações são assustadoramente humanas, um homem necrófilo, e um pesquisador que prova que o amor está morto —curiosamente, o personagem icônico não está em nenhum deles.