Uma manifestação pedindo justiça pela morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, foi realizada na tarde desta sexta-feira (5), por volta das 14 horas, em Recife. O ato, que ocorreu no Centro da cidade, teve início no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), no bairro de Santo Antônio, no Centro. Esse prédio fica na frente do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do estado. As vias da região foram interditadas pela polícia.
Os manifestantes estavam de máscara, respeitando as regras estabelecidas em decorrência da pandemia mundial do novo coronavírus. Alguns deles portavam faixas e cartazes que faziam alusão ao racismo.
“Vidas Negras importam”, “Crime burguesia branca” e “Cinco unhas valem mais do que cinco anos de um preto” estampavam os cartazes.
A patroa foi presa em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e solta após pagar fiança de R$ 20 mil.
A morte de Miguel
Miguel passava o dia com a mãe, Mirtes Renata Souza, enquanto ela trabalhava na casa do patrão, que é prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker. Tamandaré fica cerca de 110 quilômetros do Recife, no Litoral Sul do estado.
A mãe de Miguel saiu para passear com o cachorro dos patrões, enquanto o menino ficou sob os cuidados da primeira-dama de Tamandaré, Sari Corte Real.
Segunda a polícia, Miguel foi para o trabalho com a mãe na última terça-feira (2) por estar sem aulas na creche devido às medidas de quarentena para reduzir o contágio de Covid-19. Ele não podia ficar aos cuidados da avó naquele dia porque ela precisava buscar uma receita médica e ir ao banco.
Os agentes informaram que em um momento, a mãe de Miguel foi para a parte de baixo do prédio, e a criança quis encontrá-la.
Ainda de acordo com as autoridades, a patroa, que estava no apartamento com uma manicure que fazia as unhas dela, deixou o menino ficar sozinho no elevador para procurar a mãe, conforme mostram as imagens de câmeras de segurança do prédio.
Miguel aparece entrando correndo sozinho no elevador de serviço. Em seguida, Sari aparece e, aparentemente, tem uma rápida conversa com o menino. Pela imagem, ela também parece apertar um botão de um andar alto do prédio, antes de deixar o menino sozinho no elevador, cuja porta se fecha. A luz do botão que Sari parece apertar não acende, mas é possível ver que acende a luz de outro botão apertado pelo garoto quando ele já está sozinho lá dentro com a porta fechada.
Segundo as câmeras do condomínio, ele foi do 5º até o 9º andar sozinho, segundo apontou a perícia. A polícia acredita que ele se perdeu enquanto tentava achar a mãe.
A polícia informou ainda que no hall no 9º andar, o menino foi até a área onde ficam peças de ar-condicionado. Ele escalou a grade que protege os equipamentos e caiu de uma altura de 35 metros. Uma das peças da grade ficou quebrada e tem marcas dos pé da criança.
A mãe, que estava na parte debaixo do prédio, passou na portaria para pegar uma encomenda e soube que alguém tinha acabado de cair. Ela correu para ver quem era e descobriu que era o filho, Miguel.
Miguel foi levado para o hospital no carro da patroa, e não esperou a chegada do Samu, por precisar ser socorrido urgentemente. Na unidade médico, o menino foi levado para uma maca, mas pouco depois a mãe foi informada de que ele não tinha sobrevivido.