O ex-comandante da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, foi nomeado neste sábado (21) para o comando do Exército, após o presidente Luís Inácio Lula da Silva exonerar do cargo o general Júlio César de Arruda. Paiva comandou a Aman entre 23 de abril de 2013 e 23 de abril de 2015. Atualmente, ele estava à frente do Comando Militar do Sudeste. Coincidentemente, Ribeiro Paiva também sucedeu Arruda no comando da Aman, chefiada pelo agora destituído do comando do Exército entre 29 de abril de 2011 e 23 de abril de 2013.
A troca do comando do Exército ocorre um dia depois de uma reunião de Lula, no Palácio do Planalto, com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, com os comandantes das Forças Armadas. Além de Arruda, participaram o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.
Arruda havia assumido o comando interinamente em 30 de dezembro do ano passado, ainda no governo Jair Bolsonaro, num acordo com a gestão anterior para que a troca do comando ocorresse antes da posse do novo governo. Arruda foi confirmado no cargo pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, no dia 6 de janeiro.
Apenas dois dias depois, bolsonaristas radicais invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Houve depredação e roubos no Palácio do Planalto, no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional.
Discurso – Esta semana, teve grande repercussão o discurso de Ribeiro Paiva em um evento do Comando Militar do Sudeste, em que ele fez um incisivo discurso em defesa da lisura do processo eleitoral brasileiro e do resultado das eleições. Em cerimônia que homenageou os militares mortos no Haiti, na quarta-feira (18), o general afirmou que o Brasil enfrenta um “terremoto político” que está “tentando matar a coesão, hierarquia, disciplina e profissionalismo” do Exército e que afeta o “respeito e o orgulho que temos de vestir essa farda”.
– Ser militar é ser profissional, respeitar a hierarquia e a disciplina. É ser coeso, íntegro, ter espírito de corpo e defender a pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito – afirmou.
No mesmo discurso, Ribeiro Paiva disse que é papel dos militares defenderem a democracia, e que o regime político pressupõe “liberdade, garantias individuais, políticas e públicas”.
– Também é o regime do povo. Alternância de poder. É o voto, e quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É essa a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta, nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel da instituição de Estado, da instituição que respeita os valores da pátria. Somos Estado – declarou.
Carreira – Paulista da capital, Tomás Miguel Ribeiro Paiva iniciou a carreira militar em 1975, quando entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP). Atuou em missão do Exército no Haiti e foi comandante da Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de janeiro, em 2012.
Também foi ajudante de Ordens do presidente da República e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador. O general ainda chefiou o Gabinete do Comandante do Exército, em Brasília, e comandou a 5ª Divisão de Exército, em Curitiba (PR).
Em seu currículo, Ribeiro Paiva também tem passagens como subalterno e comandante de companhia de fuzileiros no 7º Batalhão de Infantaria Blindado, em Santa Maria (RS), no 26° Batalhão de Infantaria Paraquedista, no Rio de Janeiro, e no 33° Batalhão de Infantaria Motorizado, em Cascavel (PR).
Também foi instrutor do Curso de Infantaria da Academia Militar das Agulhas Negras, Subcomandante da Companhia de Precursores Paraquedista, Ajudante de Ordens do Presidente da República e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador.
Em 2019, Ribeiro Paiva assumiu o posto de general de Exército, o mais alto da carreira militar. Na época, passou a integrar o Alto Comando do Exército, órgão colegiado onde são discutidos temas da Política Militar Terrestre e assuntos de interesse do comandante do Exército. (Foto: Divulgação)