A juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da 1ª Vara Criminal de Niterói, absolveu o produtor cultural Marco Antônio Gomes, conhecido artisticamente como Marco Esch, e outras três pessoas – entre as quais Everton Lamartine Matte –, da acusação de manter três atrizes em cárcere privado. A sentença foi proferida no dia 19 do mês passado e o trecho final foi encaminhado por Esch à imprensa nesta quinta-feira (12). Os quatro foram denunciados após serem presos em flagrante, em março do ano passado, por policiais civis de Campo Grande em Niterói.
Na sentença de 32 páginas, a juíza ressalta a falta de provas nas acusações, destacando que as mesmas se limitam aos depoimentos das supostas vítimas, que, “na forma analisada, apresentaram declarações contraditórias, fantasiosas e por vezes inverídicas”. A magistrada apontou ainda “fundados indícios de conduta irregular da Polícia Civil da 35ª DP responsável por efetuar a prisão em flagrante dos acusados”, pois “sequer encontraram circunstâncias fáticas que justificassem a prisão em flagrante (…)”.
Aponta ainda a sentença, que o Ministério Público se posicionou a favor dos acusados. Além de Marco Esch e Everton Lamartine Matte, foram absolvidos Fernando Vieira Lucena e Thamires Martins Pereira.
Por fim, Daniela Assumpção de Souza determinou o encaminhamento de cópia integral dos autos à Corregedoria de Polícia Civil, para tomar medidas “que entender cabíveis” sobre os procedimentos dos policiais e também ao Ministério Público, que poderá ajuizar ação contra as denunciantes – Carol Mendonça, Luana Taylan e Miriam Duarte –, por crime de denunciação caluniosa (ato de iniciar algum tipo de procedimento investigativo ou punitivo, atribuindo crime a pessoa que se sabe que é inocente).
Farsa – No material encaminhado à imprensa, Marco Esch lembra que estava em Niterói produzindo o longa-metragem (“Casos inesperados”, no qual ele atuava como diretor e ator), quando foram surpreendidos com a chegada da Polícia Civil.
“A armação de três mulheres com mentiras covardes e muita maldade contra o grupo de produção do filme, associada à operação desastrosa e arbitrária de alguns policiais civis, me ocasionou sete meses de prisão, o que quase destruiu minha família, meu nome, honra e moral”, desabafou o produtor, acentuando o tempo que passou no “putrefato sistema prisional do estado”.
Ele lembra que ao fim da primeira audiência, em 20 de outubro do ano passado, a juíza ordenou que os acusados fossem colocados em liberdade, em razão dos depoimentos das supostas vítimas e de uma testemunha de acusação, que “surpreendeu com o relato de que o grupo acusado não cometia crime algum, pois trabalhava com Everton há dois anos e não desabonava a conduta de qualquer um dos acusados”.
Finalizada a segunda audiência, realizada em novembro, Esch retornou para Resende. “Aguardei o resultado final para me posicionar de forma verdadeira, coerente e transparente, como sempre fiz na minha vida. Agora com o caso solucionado, tenho tentado, com ajuda de amigos e parentes, restaurar as emoções, traumas, dores, vida financeira, etc, tanto minha quanto da minha família, pois foram sete meses sofrendo na prisão e minha casa sofrendo mais ainda”, conta o produtor.
“Por fim, diante de tudo que eu falava com Deus e Ele comigo, combinamos que a primeira coisa que eu faria após sair da cadeia, seria lançar a música ‘Não desista’, pois reflete tudo que eu passei e, certamente, ajudará milhares de outras pessoas que passam por lutas iguais ou maiores que as minhas. Assim o fiz. A sentença de liberdade saiu no dia 19, mesmo dia do lançamento oficial da música nas plataformas digitais. Agora com a música lançada, espero que ela abençoe milhares de vidas”, concluiu. (Foto: Divulgação)