A idosa resgatada no Rio de Janeiro em situação análoga à escravidão é natural de Vassouras, no Sul Fluminense. Ainda na infância, ela saiu da cidade para trabalhar na casa de uma família na capital e, por mais de sete décadas, ela não recebeu salários nem benefícios.
Ela foi resgatada há dois meses, após uma denúncia anônima. Segundo o Ministério do Trabalho, a idosa passou a vida inteira trabalhando para a mesma família sem receber nenhum direito. O órgão alerta que casos como o dela, 134 anos após a abolição da escravatura, não são raros.
“Ela não tem a noção que ela foi escravizada. Ela não tem. Ela não tem noção alguma disso”, afirmou Cristiane Lessa, assistente social e diretora do Centro de Recepção de Idosos da prefeitura do Rio de Janeiro, onde a mulher está abrigada desde 15 de março, quando foi resgatada.
Quando a mulher foi resgatada, ela trabalhava como cuidadora da dona da casa e dormia em um sofá, na entrada do quarto principal. Uma denúncia levou o Ministério do Trabalho até a casa, na Zona Norte da capital fluminense.
“Essa senhora, que os empregadores alegam que é da família — e não é —, fica absolutamente submissa. O empregador que fala por ela. Qualquer resposta que a gente solicita dela, é o empregador que responde. Os documentos dela não estão de posse dela mesma. O empregador que tem esses documentos”, contou Alexandre Lyra, auditor fiscal do trabalho.