Uma idosa de 63 anos foi resgata em situação análoga à escravidão na casa de uma família na Abolição, bairro do Rio de Janeiro. A mulher trabalhava como empregada doméstica há 41 anos sem receber salário e sem direito a férias. Ela foi resgatada na última segunda-feira (25) por agentes de diversos órgãos federais na Operação Resgate, de combate ao trabalho escravo.
Quando não estava trabalhando na casa, a idosa catava latinhas na rua, mas o dinheiro que conseguia era recolhido pelos patrões. Em depoimento, a vítima contou que nasceu em São Paulo e que trabalhava para a família desde os 22 anos de idade. O vínculo empregatício da vítima nunca foi registrado na sua carteira de trabalho.
Ela relatou que ficava à disposição da família em tempo integral, inclusive cuidando de uma pessoa da família que estava doente. Seu dormitório era um quarto minúsculo e sem luz nos fundos da casa.
Os empregadores da idosa receberam autos de infração e poderão recorrer em liberdade. Um inquérito será instaurado na Polícia Federal. O Ministério Público do Trabalho buscará uma indenização para a vítima compatível com o período que viveu em situação análoga à escravidão. O órgão também tentará buscar a reinserção dela na sua família de origem, ou mesmo em um abrigo.
AUXÍLIO EMERGENCIAL – Agentes federais afirmam que os patrões até sacaram o Auxílio Emergencial da mulher. A idosa relatou que entregou seus documentos para que tivesse o Auxílio Emergencial sacado. No entanto, ouviu da patroa que não teria direito ao benefício porque sua carteira de identidade estaria “velha”.
No entanto, auditores fiscais do Trabalho identificaram que o benefício foi sacado. Em depoimento, a empregadora confirmou que realizou o primeiro saque. As outras parcelas foram recebidas por outras pessoas. Um procedimento foi aberto no banco para averiguar o caso.
A idosa foi acolhida pela assistência social de Cáritas Arquidiocesana, no âmbito do programa Ação Integrada, mantido pelo Ministério Público do Trabalho e em parceria com a Superintendência Regional do Trabalho no Rio. A reportagem é do G1.