Funcionários demitidos da Viação Sul Fluminense – que está sob intervenção judicial – realizaram no final da madrugada desta quinta-feira (21) uma manifestação pelo não pagamento das verbas rescisórias a que têm direito. Durante quase duas horas, cerca de 30 pessoas impediram a saída dos ônibus da garagem da empresa, no bairro Voldac. A saída dos veículos só começou a ocorrer por volta das 5h30min, com a chegada da Polícia Militar, que afastou os manifestantes. Um ônibus da linha Barra Mansa-Retiro (Volta Redonda) teve a chave quebrada na ignição e precisou ser rebocado de volta à garagem. Segundo a PM, foi o único dano sobre o qual os agentes tiveram conhecimento.
Após a chegada dos policiais, os manifestantes se colocaram próximo à um posto de combustíveis na Avenida Nossa Senhora do Amparo. Indignados, eles reclamam que foram demitidos sem receber nada do que têm direito. Segundo eles, apenas entre os dias 1º e 18 deste mês, cerca de 100 demissões teriam sido efetivadas pelos interventores.
– Não recebemos nada e ainda nos fizeram assinar um documento como se tivessem pagado o fundo de garantia, senão não dariam baixa na carteira – disse um ex-motorista da empresa, dispensado após nove anos de trabalho. “A PM ampara a empresa e quem nos ampara?”, questionou.
Uma ex-funcionária, com nove anos de casa, mostrou preocupação com o futuro, porque tem três filhos e paga aluguel. “Eu era despachante, fui para a manobra, mas não me classificaram como manobreira. Estamos reivindicando apenas o que é de nosso direito”, afirmou.
Os rodoviários dispensados criticaram duramente o Sindicato dos Rodoviários de Volta Redonda, presidido por José Gama, o Zequinha. Por sinal, não havia nenhum representante da categoria junto aos demitiodos.
– O sindicato não existe, não está nem aí para a gente. Nós é que estamos correndo atrás dos nossos direitos, porque eles veem aqui, se reúnem com a empresa, mas não falam com a gente – disse outro , que perdeu o emprego depois de sete anos na Sul Fluminense.
Crise na empresa
Em crise financeira, a Viação Sul Fluminense acabou sofrendo uma intervenção judicial, no começo de setembro deste ano. Além disso, a empresa teve cassada a concessão, pela prefeitura de Volta Redonda, para continuar operando em 31 linhas urbanas da cidade.
O prefeito Samuca Silva anunciou a licitação das linhas, que deveria ter ocorrido no começo de outubro, mas foi suspensa devido a uma decisão do TCE (Tribunal de Contas do Estado), motivada por uma ação de uma empresa de ônibus de Barra do Piraí. Esta semana, o prefeito determinou um chamamento público para um contrato de emergência com empresas que possam operar nas linhas da Sul Fluminense, até que a licitação seja realizada.
A reportagem está tentando contato com os interventores da Sul Fluminense para que eles se manifestem a respeito da manifestação. Se isso ocorrer, esta nota será atualizada.