Veio das ondas japonesas o primeiro ouro para o Brasil nos Jogos de Tóquio-2020. Na madrugada desta terça-feira (27), Ítalo Ferreira fez história ao conquistar o título da até então inédita disputa olímpica do surfe, vencendo na decisão o japonês Kanoa Igarashi por 15.16 a 6.60. Com o resultado de Ítalo, o Brasil agora tem um ouro, duas pratas e dois bronzes no quadro geral de medalhas com cinco dias de competições em Tóquio.
A disputa começou com um lance um tanto quanto inusitado, já que o brasileiro viu a sua prancha quebrar logo na primeira tentativa e teve que recorrer a uma das reservas. Pois quis o destino que fosse com essa que Ítalo garantisse a primeira medalha de ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Enquanto o japonês buscava sua melhor onda, Ítalo já havia garantido duas, deixando toda a responsabilidade para Igarashi. Com 14.77 a dez minutos do final, a situação era dramática para o japonês, que precisava não apenas de uma, mas de pelo menos duas ondas perfeitas, já que nem mesmo com uma nota 10 alcançaria o brasileiro. Em vantagem, Ítalo apenas administrou os minutos finais, aproveitando a prioridade para impedir que o adversário buscasse o resultado.
Depois da primeira fase do torneio olímpico, onde avançou como o primeiro lugar da sua chave, a caminhada de Ítalo até o ouro começou com uma disputa com Billy Stairmand, da Nova Zelândia, na qual o brasileiro passou, vencendo por 14.54 a 9.67. Depois, nas quartas, um dia cheio, já que a organização dos Jogos de Tóquio reagendou todas as disputas para a segunda-feira (já terça no Japão) em virtude da previsão da chegada de uma tempestade no país nos próximos dias. Logo de cara, uma disputa com um dos donos da casa, o japonês Hiroto Ohhara. Com uma atuação consistente e agressiva desde o início, o brasileiro largou na frente, jogando a pressão para o lado do adversário. Deu certo: vitória verde e amarela por 16.30 a 11.90.
Na semifinal, diante do australiano Owen Wright, se por um lado Ítalo não repetiu o desempenho das quartas, por outro foi regular o suficiente para não dar muitas chances ao adversário. Quando a briga parecia mais equilibrada, Ítalo conseguiu um 6,67 contra um 6,47 de Wright a cinco minutos do fim. No final, vitória por 13.17 a 12.47 e a vaga garantida na decisão que traria o primeiro ouro ao Brasil na Olimpíada.
Antecipadas em razão de condições climáticas, as finais do surfe foram todas disputadas nesta terça-feira. Nas quartas de final, Ítalo e Gabriel Medina avançaram sem problemas e deixaram o país com a certeza de ao menos uma medalha. Em chaves separadas, a expectativa indicava a possibilidade da dupla fazer a final no surfe a dobradinha no pódio nacional. No feminino, Silvana Lima ficou pelo caminho diante da tetracampeã mundial Carissa Moore, dos Estados Unidos.
Ítalo avançou, mas em sua semi, Gabriel Medina foi superado pelo japonês Kanoa Igarashi, em bateria com polêmica em relação as notas distribuídas para os surfistas com manobras parecidas. A liderança era de Medina até os minutos finais do duelo, quando Igarashi, que precisava de um 9.1, encaixou um 9.33 e avançou para a decisão.
No bronze, ao contrário da semifinal, Medina não chegou a liderar a disputa. Sempre atrás de Owen Wright, da Austrália, o brasileiro desta vez perdeu por apenas 0,2 pontos, – 11.97 a 11.77. O resultado frustrou a possibilidade de dobradinha brasileira no pódio do surfe.
Foto – Jonne Roriz/COB