Cortada pelo Rio Paraíba do Sul, a região Centro-Sul Fluminense é conhecida como Vale do Café, devido à sua origem histórica no período áureo da produção do produto durante o período imperial no Brasil. Muitos fazendeiros fizeram fortuna na região e ficaram conhecidos como barões do café.
Diversas fazendas da região já são bem conhecidas por sua beleza arquitetônica e riqueza histórica. Mas os barões deixaram muitos outros tesouros, além das belas propriedades. E foi pensando em descobrir quais são esses tesouros que o cineasta Rodrigo de Souza e o historiador Antônio Carlos da Silva estão se preparando para gravar um documentário apresentando esses tesouros.
Há quinze anos, Antônio Carlos da Silva tem se dedicado a pesquisar sobre a nobreza do Vale do Café e o documentário será baseado no seu livro “O teatro simbólico: provedores, barões e fazendeiros do Vale do Paraíba”, lançado em dezembro de 2020. O documentário será um curta-metragem e está sendo preparado para ser exibido em canais especializados e em plataformas streaming. Segundo o historiador, a proposta é trazer ao conhecimento comum o rico inventário artístico, arquitetônico e paisagístico que os chamados barões do café (a referência deve-se ao fato de muitos terem conquistado um título de nobreza) deixaram para a posteridade.
“Dentro de uma mistura de barroco, neoclássico e neogótico, esses barões contrataram pintores famosos como Victor Meirelles e Joaquim da Rocha Fragoso e paisagistas renomados, como Auguste François Marie Glaziou, além de arquitetos, músicos e muitos outros artistas”, explica Antônio.
Ele ressalta que os nobres deixaram obras de arte, monumentos, documentos e prédios que são verdadeiros tesouros por tudo o que representam, pela originalidade e por serem assinados por grandes personalidades históricas. “Alguns estão bem visíveis de todos, mas as pessoas desconhecem seu valor histórico. Outros estão em igrejas, prédios públicos e pequenos museus da região. Além disso, o objetivo do projeto é chamar a atenção da população para as riquezas históricas da região”.
Antônio Carlos e Rodrigo vão oferecer gratuitamente para professores da rede pública oficinas de história e cinema, para que possam aprender a identificar os tesouros dos barões e realizar seus próprios registros, compartilhando com seus alunos. Antônio ressalta que esses tesouros ocultos estão espalhados pelas cidades de Vassouras, Valença, Barra do Piraí, Rio das Flores, Barra Mansa e Piraí.
“Após a finalização do documentário, o objetivo é realizar pré-estreias nessas cidades para a população local. O momento é de finalização do roteiro, identificação das locações e pré-produção de todo o material de época, para que, quando o documentário for apresentado, todos possam reviver a época dos barões do café”, explica Antônio.