O primeiro colocado no concurso público para assistente administrativo, realizado recentemente pela prefeitura de Rio Claro, é um baiano de 42 anos que, desde abril do ano passado, está abrigado em um albergue municipal no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Parte da história dele foi contada neste domingo (8) numa reportagem no jornal O Dia, assinada por Marcela Ribeiro.
Vinícius Rogério Nascimento ainda aguarda ser chamado pela prefeitura do Sul Fluminense. Enquanto isso, ele pratica arte nas ruas da capital, por não dispor de outras fontes de renda.
O baiano já trabalhou no grupo de teatro Olodum, em Salvador, e esteve pela primeira vez no Rio em 2001 e se apresentou à época no Teatro Planetário, na Gávea, e também viajou para outras cidades do país com a peça. Ele conta que, num dado momento, se tornou dependente químico e precisou ser internado na capital da Bahia. “A dependência química é uma doença, mas não necessariamente vai corromper os seus ideais”, afirma.
No albergue da prefeitura carioca, com apoio dos funcionários, ele passou a estudar para concursos. “A equipe me deu a possibilidade de ficar o dia inteiro estudando, não ter que ir para rua conseguir o alimento. Consegui um notebook emprestado também”, explica.
O concurso em Rio Claro não foi o primeiro do qual Vinícius participou. Ele já foi aprovado em outros cinco, incluindo outro primeiro para um cargo administrativo na Universidade Federal da Bahia, mas a dependência das drogas o impediu de dar prosseguimento aos concursos anteriores.
Na arte de rua, ele costuma recitar poemas de poetas nordestinos, entre eles, Castro Alves, para turistas em visita a museus no Centro do Rio: “Eu interpreto os poemas com essa base teatral e depois passo o chapéu”.
Vinícius diz que está confiante de que tomará posse e exercerá a função em Rio Claro, mas seguirá estudando para outras provas e pretende ingressar na universidade para tentar, futuramente, vagas destinadas a quem tem o Ensino Superior. (Foto: Divulgação)