Épico, histórico, sensacional. Faltam adjetivos para definir a final da Copa do Catar, entre Argentina e França. A Argentina, como tudo é para os argentinos, sofreu, mas levou o titulo. O país é tricampeão mundial. Venceu por 4 a 3 nos pênaltis depois de empate de 2 a 2 no tempo normal e 1 a 1 na prorrogação.
Aos 35 anos, em sua quinta Copa do Mundo, Lionel Messi crava em sua carreira o título que lhe faltava: é campeão pela seleção nacional. O astro conseguiu uma façanha: não foram poucos os brasileiros que deixaram de lado a rivalidade entre Brasil e Argentina e torceram para que ele, por tudo o que representa para o futebol, obtivesse a conquista.
A Argentina mereceu. Di María, num jogo que entrará para sua própria história, mereceu. E Messi, mais do que todos, mereceu. Fez um de pênalti e o gol da vitória na prorrogação. O veterano jogou com um menino, com uma entrega emocionante.
O título também premia novos craques, como Mac Allister e Álvarez, além do técnico Lionel Scaloni. Depois de uma estreia com derrota para a Arábia Saudita, ele mudou o time, que foi evoluindo ao longo do Mundial e fez uma exibição extraordinária no primeiro tempo. Os franceses valorizaram a conquista já que saíram de uma desvantagem de 2 a 0 no primeiro tempo para o empate no segundo.
A Argentina foi campeã em 1978, jogando em casa, e em 1986, no México. O tricampeonato conquistado em 2022 coloca Messi definitivamente no patamar dos maiores jogadores da história do futebol, inclusive em seu país, perante outro gênio chamado Diego Maradona. Não é pouca coisa para quem deixou seu país com apenas 13 anos para jogar no Barcelona, da Espanha, mais jamais perdeu suas raízes com seu país natal.
Aplausos, aplausos e mais aplausos para a torcida argentina, imensa maioria entre os 88 mil presentes no estádio de Lusail, na França, transformado em uma La Bombonera no Catar. Poucas vezes se viu uma torcida tão interativa com seu time, apesar do susto com o empate na etapa final.
A França, que também buscava o tricampeonato, sai da Copa do Catar reconhecidamente como uma nova potência no futebol mundial, conquistando o título em 1998, em casa, e em 2018, na Rússia. Seu principal astro, Mbappé, ainda tem muito caminho a percorrer pela frente e não se deve duvidar dos franceses em novas decisões.
Mas o próprio treinador Didier Deschamps – campeão como jogador em 1998 e como técnico em 2018 – admitiu, já no final do primeiro tempo: “Só a Argentina jogou”, sintetizando a superioridade do adversário na primeira etapa.
No segundo tempo, a Franca reagiu, perseguiu e conquistou o empate. Valorizou demais a conquista do adversário com tamanha entrega. Tomou o terceiro gol na prorrogação, chegou ao empate. No fim, porém, o futebol premiou o melhor time da Copa, ainda que nas cobranças de pênalti.
Determinação – A Argentina mostrou, desde que a bola rolou, que pretendia se impor frente à campeã de 2018. E partiu para a cima. Foi premiada aos 20 minutos, num lance ao menos duvidoso em que o árbitro marcou pênalti. Di María deu um drible desconcertante em Dembelé, na esquerda e invadiu a área. Ele foi tocado e o pênalti assinalado. Encarregado da cobrança, Messi cobrou com maestria: goleiro no canto direito, bola no canto esquerdo.
O segundo gol saiu ainda no primeiro tempo e premiou Di María. Em um contra-ataque, aos 35, Mac Allister roubou a bola e tocou para Messi, que, de primeira e com categoria, acionou Álvarez na direita. O atacante argentino também de primeira devolveu para Mac Allister, que invadiu a área e rolou para Di María chegar batendo, encobrindo o goleiro Lloris com um toque de categoria. Um golaço e 2 a 0 no placar.
Reação – A desvantagem obrigou a França a correr todos os riscos no segundo tempo. Tendo que buscar o empate para levar a decisão para a prorrogação, os franceses tinham, ao mesmo tempo, que evitar deixar espaços para os contra-ataques. E, logo aos 3 minutos, quando Messi acionou com Di María na esquerda. O camisa 11 inverteu na direita para De Paul chegar batendo de primeira, mas o excelente goleiro Lloris defendeu.
Os franceses, no entanto, não desanimaram e chegaram ao empate, coincidentemente após a saída de Di María, fisicamente esgotado. Aos 33, Kolo Mouani arrancou na esquerda, disputa com Otamendi invadindo a área até ser derrubado. O pênalti foi marcado e Mbappé cobrou, descontando.
Foram necessários apenas três minutos para os europeus igualarem o marcador. Aos 36, Coman tomou a bola de Messi, avançou e cruzou na área. Mbappé pegou de primeira e decretou o 2 a 2, calando os torcedores argentinos no estádio.
Prorrogação – No tempo extra, a Argentina teve duas chances de marcar nos primeiros 15 minutos. Primeiro, Messi fez ótima jogada, tabelou com Mac Allister e tocou para Lautaro. O atacante chutou, mas a zaga trava! Na sobra, Montiel chutou de primeira, mas Varane desviou de cabeça. Logo em seguida, Lautaro novamente foi acionado e chutou para fora, perdendo outra ótima chance.
A consagração de Messi veio aos 3 minutos do segundo tempo da prorrogação, Messi tocou para Enzo Fernández, que achou Lautaro Martínez na direita. O atacante bateu firme, Lloris defendeu e, no rebote, Messi concluiu de direita para fazer 3 a 2.
Jogo definido? Não, a França não se entrega. Aos 10, Mbappé chutou, Montiel se jogou à frente e a bola bateu em seus braços. Outro pênalti, outra cobrança de Mbappé e novo empate: 3 a 3.
E, por pouco, a França não virou. Aos 14, Mbappé avançou pela esquerda e cruzou. Kolo Muani tentou pegar de cabeça, não conseguiu concluir, a bola quicou na pequena área e passou muito rente à trave esquerda de Martinez.
Com o jogo aberto, a França ainda teve mais uma chance de definir novamente com Muani, mas o goleiro Martinez fez uma defesa sensacional, salvando com a perna direita. A Argentina respondeu num rápido contra-ataque, com Lautato cabeceando para fora.
Veio a cobrança de pênaltis. Mbappé abriu e converteu para a França. Messi igualou. Coman perdeu o primeiro dos franceses, enquanto Dybala não desperdiçou. Na sua vez, Tchouaméni também perdeu. O cheiro do título para a Argentina se estabeleceu. Paredes fez o dele. Muani marcou e, na hora decisiva, Mantiel – aquele que fez um pênalti – definiu. Acabou. Argentina campeã. (fotos: Fifa / Divulgação)