Os funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda vão receber os salários de junho sem os benefícios previstos no acordo salarial aceito pela maioria deles em votação secreta realizada na última segunda-feira (19). O motivo é a intransigência do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense de não assinar a íntegra do acordo, exigindo que o abono de 1,53 salário apresentado na proposta seja estendido a funcionários demitidos no ano passado. A empresa declarou oficialmente, através de sua assessoria, que o acordo não teria validade legal. Considera, ainda, suspensos todos os itens da proposta formulada, por não estar a decisão da assembleia sendo ratificada pela representação dos trabalhadores.
Segundo foi apurado, dirigentes do sindicato estiveram na empresa no início da noite para discutir a questão. Eles saíram com a promessa de retornarem com uma reposta, que foi dada por volta das 22h, se recusando mais uma vez a assinar o acordo integralmente. Pela manhã, o presidente Edimar Leite divbulgou um vídeo no qual afirmou que o acordo tinha sido assinado na noite da terça-feira (20), mas sem incluir o abono.
Desde a terça-feira pela manhã a celebração do acordo coletivo 2023-2024 ganhou contornos de novela. Depois de a proposta da empresa ser aprovada, o sindicato passou a exigir a inclusão dos demitidos entre os beneficiados pelo abono, que diz respeito ao ano passado. A proposta da empresa não mencionava esta possibilidade, enfatiza a CSN.
A posição dos sindicalistas surpreendeu os representantes da empresa por vários motivos, mas sobretudo porque, ao convocar a assembleia de votação, o sindicato soltou um boletim com as propostas econômicas, que não mencionava a inclusão dos demitidos no recebimento do abono. A empresa se baseia ainda na ata da reunião que teve com o presidente do sindicato, Edimar Leite, e outros dirigentes, quando apresentou sua proposta, que também não previa pagamento de abono aos que foram afastados em 2022.
Além disso, causou estranheza a posição do Sindicato dos Metalúrgicos pelo fato de o Metalbase – sindicato que representa trabalhadores do grupo CSN em Minas Gerais e que apoiou a campanha salarial em Volta Redonda – ter assinado o mesmo acordo, sem questionamentos, após a aprovação dos empregados.
Além disso, ainda nesta quarta-feira, o Sindicato dos Metalúrgicos desistiu da ação que ajuizou na Justiça do Trabalho, em Resende, contra o acordo – o mesmo de Volta Redonda – também aceito pelos trabalhadores da CSN Porto Real nos mesmos termos. No caso, o sindicato contestava a condução das negociações pela Federação Estadual dos Metalúrgicos.
Enfim, para a CSN, o acordo coletivo em Volta Redonda retornou à estaca zero. A folha salarial de junho vai ser elaborada a partir desta quinta-feira (22). Apenas os empregados da Usina Presidente Vargas ficarão sem os benefícios previstos: reajuste de 4,5% para salários de até R$ 5 mil; reajuste de 3% para quem ganha acima de R$ 5 mil; no cartão-alimentação, reajuste de 100% (passando para R$ 1 mil mensais); crédito extra de R$ 900 no cartão-alimentação do banco de horas; valor do auxílio-creche de R$ 677 para os filhos dos trabalhadores de até 5 anos de idade; e o abono de 2022, de 1,53 salário.