Pela primeira vez, até onde se sabe, o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense decidiu não assinar de imediato o acordo coletivo de trabalho dos metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda, após a proposta da empresa ser aceita pelos empregados. Nesta terça-feira (20), um dia depois da votação favorável ao acordo, a direção do sindicato informou que não vai assinar o documento alegando que há pontos na íntegra do acordo que não foram discutidos com a empresa. Ao mesmo tempo, quer propor que a CSN pague os itens econômicos no próximo dia 30, quando a empresa tem programada a quitação dos vencimentos de junho de seus funcionários.
A surpreendente alegação do sindicato é que foram discutidos com a companhia apenas os itens econômicos que foram votados na Praça Juarez Antunes. Assim que o resultado foi divulgado, o setor de Recursos Humanos da empresa entrou aos sindicalistas o documento já assinado por seus diretores e esperava recebe-lo de volta assinado pelo sindicato, a fim de fazer o pagamento no fim deste mês.
Contudo, o sindicato alega que ao ler ponto a ponto os termos do acordo, constatou que “há pontos que prejudicam os trabalhadores”. Ainda à tarde, o advogado do sindicato, Tarcísio Xavier, confirmou que o documento estava sendo analisado pela diretoria e que diversos outros itens não haviam sido discutidos nem colocados em votação, como a não existência de plano de cargos e salários.
Outro, citou, é o que não estabelece pagamento do abono referente a 2022 dos trabalhadores demitidos. “O abono se refere ao ano passado e os demitidos têm que receber, mesmo que seja proporcional”, afirmou. Segundo ele, a CSN entregou ao sindicato apenas uma minuta do acordo após a votação – e somente nesta terça, pasmem, a direção teria tomado conhecimento de todas as cláusulas.
O mais curioso é que o próprio sindicato distribuiu boletim recomendando rejeição à proposta da empresa, no qual (veja abaixo) fala em “manutenção de todas as cláusulas do acordo anterior”. Mais: no edital publicado no último dia 13 convocando para a assembleia da última segunda-feira, consta que a votação seria “da proposta apresentada pela CSN para o Acordo Salarial”.
Até o momento desta publicação, o sindicato não havia enviado nenhuma notificação para a CSN a respeito da inédita decisão. Uma fonte da empresa informou que não há como efetuar o pagamento dos benefícios contidos na proposta aprovada sem a assinatura do sindicato nos termos do acordo. (Fotos: Divulgação)