Um mês pode parecer pouco, mas para quem sofre há 16 anos com a doença de Parkinson este tempo foi o suficiente para ter mais qualidade de vida. É que há exatos 38 dias a moradora do bairro São Luiz, Aparecida Sônia Perino, de 61 anos, foi a primeira moradora de Volta Redonda a receber pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a cannabis medicinal, tratamento com uso do óleo extraído da planta. O projeto é uma iniciativa pioneira da Prefeitura de Volta Redonda, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O medicamento que Aparecida usa diariamente é importado dos Estados Unidos. Além do acompanhamento médico regular, a paciente do SUS conta com auxílio direto do Departamento de Assistência Farmacêutica de Volta Redonda, da SMS.
“São visíveis as mudanças e o efeito da medicação para a dona Aparecida. Ela mesmo relatou que de uma escala de 0 a 10, ela está com 80% de melhora. Nós vimos melhora na rigidez, principalmente dos braços. Ela consegue ter movimentos menos rígidos. A gente percebe que a fala dela está mais clara. Houve a diminuição da dor. Então é o benefício da medicação e o que a gente esperava. Ficamos muito felizes com o relato e com o que a gente está vendo”, disse a farmacêutica do Departamento de Assistência Farmacêutica de Volta Redonda, Juliana Boechat.
Benefícios esses que podem ser vistos, mas também sentidos por Aparecida. Ela que sofria com a tensão e rigidez muscular, após o uso do óleo fornecido pelo SUS consegue dormir melhor e até fazer tarefas simples do dia a dia.
“Hoje consigo pôr roupa no tanquinho, passar para a máquina, colocar roupa no varal. Antes eu não conseguia nem tirar minha comida da panela e hoje já consigo”, disse, deixando um recado para quem ainda tem medo ou preconceito de usar o óleo de canabidiol: “Pode utilizar porque ele não faz mal nenhum. Não prejudica em nada. A pessoa não deve ter medo de tomar não. Se o médico passar pode tomar. Para mim não foi ruim não. Não deu reação nenhuma”.
E o bem-estar de Aparecida é motivo de alegria para o marido, o pedreiro Altumir Evaristo, o “Seu Tó”.
“Para mim melhorou 80%. Hoje ela toma banho sozinha. Põe a roupinha no varal sozinha, antes não fazia porque não aguentava levantar os braços. Depois que ela começou a tomar o remédio ela ‘afirmou o corpo’, aliviou as dores; antes chorava e tremia o dia inteiro. Então a situação dela hoje é bem melhor”, comemorou.
Atendimento prioritário e cadastramentos
O óleo tem sido entregue a pacientes com epilepsia refratária, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Doenças de Parkinson e de Alzheimer, acompanhados nos serviços especializados na rede pública: Policlínica da Melhor Idade, Policlínica da Cidadania (Neurologia) ou Follow-Up e Centro Especializado de Reabilitação (CER III). A prioridade é para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais e que tenham prescrição médica.
Quem se encaixa neste perfil, possui prescrição médica ou tem interesse, pode procurar atendimento na Comissão de Farmácia e Saúde, na Policlínica da Cidadania – localizada no segundo andar do estádio Raulino de Oliveira, no bairro Jardim Paraíba. O setor funciona às terças, quartas e quintas-feiras, das 13h às 17h. O local conta com uma assistente social e uma farmacêutica para poder atender a essas pessoas e cadastrá-las.
“Temos trabalhado para modernizar, equipar e melhorar o atendimento em todos os níveis da Saúde de Volta Redonda. A busca por tratamentos que dão resultado positivo para os pacientes do SUS faz parte das ações que estamos implantando. Nossa prioridade é cuidar de todos, oferecendo uma saúde pública eficiente e acolhedora”, afirmou a secretária municipal de Saúde, Maria da Conceição de Souza Rocha.