Em um ato de amor ao próximo, a família (esposa, irmã e cunhada) de um jovem de 33 anos, internado no Hospital São João Batista (HSJB), em Volta Redonda, com a morte encefálica confirmada, autorizou a doação de seus órgãos para captação. A cirurgia foi realizada na madrugada desta segunda-feira (8), por equipes de médicos do Programa Estadual de Transplantes (PET), da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ). Foram captados dois rins e um fígado, que vão salvar três vidas; além de duas córneas e duas escleras (parte branca do olho), que irão permitir uma melhora na qualidade de vida de outras quatro pessoas.
Essa foi mais uma captação que o Hospital São João Batista realiza e que está salvando e melhorando vidas de quem está na fila de espera do PET, em todo o estado do Rio. A enfermeira responsável pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HSJB, Daniela da Silva, conta que, no ano passado, foram captados um coração, cinco fígados, 10 rins, seis escleras e seis córneas, e que isso só é possível com o aval dos familiares – com parentesco até segundo grau (mãe, pai, cônjuge, filhos).
“A importância da doação começa na conscientização, no acolhimento. Toda família que tem uma suspeita do diagnóstico de morte encefálica, esses familiares são acolhidos no momento que esse paciente dá entrada. E esse acolhimento persiste durante todo o momento em que esse paciente permanece no hospital”, explicou Daniela.
Doação
Para a captação de órgãos acontecer, é preciso seguir um protocolo que consiste em três etapas: a primeira é identificar o paciente com uma possível morte encefálica; a segunda é a realização de exames clínicos e complementares para a confirmação desta morte encefálica. E por último, a abordagem familiar, buscando a conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos.
“Cada doador pode salvar até oito vidas. A gente considera isso como uma continuidade da vida. Quando você tem uma pessoa, um familiar seu, que tem esse desejo, você deve expressar isso nesse momento, para que isso dê continuidade para a vida seguir. Temos um protocolo bem embasado, bem instituído sobre o diagnóstico da morte encefálica. Esse diagnóstico é seguro, feito por dois médicos, em momentos diferentes, e ainda com um método gráfico, que é um exame de imagem cerebral para que a gente mostre o que aquilo realmente é”, explicou o médico intensivista do HSJB, Romão Precioso Silva.
A enfermeira Daniela acrescenta que nas situações de diagnóstico de morte encefálica é feito um trabalho de educação com profissionais da saúde e de modo geral, além das famílias.
“É muito importante você se conscientizar, porque qualquer um de nós, em algum momento de nossas vidas, podemos necessitar de um órgão ou tecido. Que a pessoa mude seu conceito, pense em relação à doação de órgãos e tecidos, porque um ‘sim’ de uma família muda a vida de uma pessoa, vai fazer a diferença na vida de alguém. Um único doador ele pode ajudar a salvar até oito vidas com os órgãos, e melhorar a qualidade de vida de cerca de 50 pessoas”, disse Daniela. (Foto: Secom)