Carregada de emoção e esperança, Vanderléia Monteiro Ferrão recebeu nesta semana um medicamento à base de canabinoides, através do SUS (Sistema Único de Saúde), em Volta Redonda. O medicamento é para o tratamento do filho, Renato Ferrão, de 32 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele foi o 17º paciente na cidade a receber do governo municipal, de graça, o óleo que ajuda a controlar os sintomas do Autismo, Parkinson e Alzheimer. O medicamento é importado dos Estados Unidos e Volta Redonda é um dos primeiros municípios do país a oferecer cannabis medicinal pelo SUS.
Vanderléia revelou ter tido medo do tratamento à base de canabinoides, devido ao preconceito, até que resolveu aceitar a prescrição médica e viu avanços na qualidade de vida do filho.
“Estávamos tentando vários outros medicamentos e ele teve duas crises de se autoagredir. Aquilo acabou comigo. Para mim foi um choque tão grande, chorei bastante e voltei ao consultório médico e falei: ‘Quero tentar, porque não quero ver o meu filho assim’, e nunca mais ele teve. Todas as mães que eu tenho contato dizem: ‘santo cannabis’, porque ele veio para ajudar a gente e a eles a terem uma vida melhor”, disse Vanderléia, que chegou a desembolsar cerca de R$ 500 para a compra de um frasco do óleo que durava em média um mês; desta vez a previsão é que o uso do produto chegue a três meses.
Outra que também recebeu o medicamento em casa foi a moradora do Retiro, Irene Silva de Oliveira. O óleo à base de canabinoides vai ajudar a neta dela, Beatriz Oliveira da Costa, de 27 anos – que sofre de epilepsia, devido a uma paralisia cerebral –, a ter maior qualidade de vida. Atualmente, a jovem trabalha como designer gráfica em casa, com auxílio de uma cadeira de rodas motorizada.
“Ela sente muita dor se fica sem este medicamento, se debate muito com os braços. Como ela fica trabalhando o dia todo no computador, ajuda ela também; porque se ela ficar muito tempo parada, sentada na cadeira, sente muita dor. O sentimento é de alívio, em saber que eu não preciso de comprar”, disse Irene, que revelou pagar aproximadamente R$ 550 no medicamento e que chegou a suspender o tratamento, por causa do valor que impactava no orçamento familiar.
“Isso aí é uma coisa muito boa que o governo está fazendo e o prefeito Neto, que é uma pessoa muito boa. Na área da Saúde, ele foi o melhor prefeito e fico muito grata por esta força, porque a gente não pode comprar mesmo. Fico muito feliz e ela também. Eu conheço o sorriso dela quando está feliz”, completou.
Acompanhamento de pacientes e cadastro
Inicialmente, estão sendo atendidos pacientes com epilepsia refratária, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Mal de Parkinson e Mal de Alzheimer, acompanhados nos serviços especializados na rede pública: Policlínica da Melhor Idade, Policlínica da Cidadania (Neurologia) ou Follow-Up e Centro Especializado de Reabilitação (CER III). A prioridade é para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais e que tenham indicação médica.
“Estamos constantemente buscando modernizar, melhorar a saúde pública em nossa cidade. Investir em novas alternativas de tratamentos legais, assim como em estruturas mais acolhedoras e acessíveis, e na qualificação de nossos profissionais, é uma missão que tenho à frente da secretaria de Saúde e que está melhorando a vida de quem precisa dos cuidados oferecidos pela rede pública”, afirmou a secretária municipal de Saúde, Maria da Conceição de Souza Rocha.
Todos que receberam o medicamento à base de canabinoides estão sendo acompanhados por professores da área da saúde do UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda), principalmente de Medicina. O objetivo é ver a evolução com o tratamento. Representantes da indústria farmacêutica One Lab CBD de Las Vegas, Nevada (EUA) estão indo à casa dos pacientes passando orientações sobre o uso do produto.
Quem se encaixa neste perfil pode procurar atendimento na Comissão de Farmácia e Saúde, na Policlínica da Cidadania – localizada no segundo andar do estádio Raulino de Oliveira, no bairro Jardim Paraíba. O setor funciona às terças, quartas e quintas-feiras, das 13h às 17h. O local conta com uma assistente social e uma farmacêutica para poder atender a essas pessoas e cadastrá-las.
Fotos: de Cris Oliveira e Secom/PMVR