Esta terça-feira (21) está sendo de limpeza e cálculo de prejuízos por parte de moradores do bairro Água Limpa, em Volta Redonda, onde um córrego transbordou, no início da noite da segunda (20), durante a tempestade que atingiu a cidade. A água invadiu casas e estabelecimentos comerciais. Alguns não funcionarão nesta terça, como a tradicional Agropecuária Medeiros, na Avenida Felipe dos Santos. O estabelecimento foi alagado e, nesta manhã, a limpeza estava sendo feita com dezenas de produtos amontoados no pátio destinado ao estacionamento de clientes.
“Não vai dar para abrir hoje”, confirmou o proprietário Luiz Antônio Medeiros. Além de muita lama, havia móveis e eletrodomésticos perdidos na rua. Boa parte já tinha sido recolhida por um caminhão a serviço da prefeitura.
Na casa de Vânia Aparecida do Carmo Luiz, de 50 anos, na Rua Rio Negro, esquina com a Rua Angélica, a força da água foi tão grande que num ponto do muro um buraco se abriu e, mais à frente, ao lado da galeria pode onde passa o córrego, uma parte caiu.
“De repente a água começou a subir, subir e foi arrebentando tudo”, contou a moradora, enquanto fazia limpeza junto com o marido. Na hora da cheia, ele estava com a filha em casa. Vânia estava no trabalho. Ela acredita que o transbordamento ocorreu devido à quantidade de mato, terra e entulho sob uma ponte. “A gente pede para limpar, eles [prefeitura] falam que virão, mas não vem. E aí acontece uma tragédia destas. Graças a Deus, ninguém perdeu a vida, que é mais importante. O resto a gente consegue de novo”, afirmou Vânia, que perdeu cama, colchão, roupas e mantimentos.
A situação foi pior num trecho da Avenida Felipe dos Santos para três famílias que moram num terreno próximo ao córrego. Nas paredes ainda era possível ver a altura a que a água chegou. Os moradores perderam praticamente tudo e estavam fazendo apelo por doações. Para piorar, estavam sem água para fazer a limpeza das moradias.
“Não deu tempo de tirar nada. Em questão de cinco minutos, encheu tudo. Eu estava chegando do serviço, entrei e logo a água estava tomando tudo. Não deu para salvar nada”, disse Tamara Pereira do Nascimento. Ela perdeu cama, fogão, geladeira, sofá, televisão, mantimentos e roupas.
Na Rua das Cravinas, na entrada do bairro Água Limpa, Marlene de Souza Monteiro se disse aliviada de ter perdido só um colchão. Seus pais, um idoso de 91 anos que fica numa cadeira de rodas, e a mãe, de 90 anos, moram com ela. “Imagine o que passei. Foi assustador”, contou. A residência dela fica de fundos para o córrego, mas a água entrou também pela porta da frente.
No Colégio Estadual Rotary, as aulas foram suspensas. A água e a lama invadiram o pátio e salas de aula. Uma equipe fazia a limpeza e o cenário mostrava pela manhã que ainda havia muito por fazer. Em frente ao colégio, a Assembleia de Deus, que ocupa uma pequena loja, também foi alagada, mas aparentemente apenas uma caixa de som que estava no chão foi perdida. (Fotos: cedidas pelo site FOCO REGIONAL)