Um grupo de cerca de 20 funcionários da CSN demitidos há duas semanas, em razão de um movimento paralelo na Usina Presidente Vargas (UPV), em Volta Redonda, por aumento salarial e maior participação nos lucros, foi recebido na manhã desta terça-feira (26) pelo bispo da Diocese Barra do Piraí-Volta Redonda, dom Luiz Henrique. Acompanhados de familiares, eles participaram de um café da manhã no salão da Paróquia de Santo Antônio, localizado na Rua Nossa Senhora de Fátima, no bairro Niterói, depois da missa que teve a presença também dos padres Juarez Sampaio e Alércio de Carvalho.
Logo após as demissões, o bispo emitiu uma nota de apoio aos trabalhadores, posição que reiterou no encontro desta terça-feira. “Estamos ao lado dos trabalhadores”, frisou. Ele pede a reintegração dos demitidos. O Ministério Público do Trabalho expediu recomendação neste sentido à companhia, o que não foi acatado.
“Estamos acompanhando este movimento desde o início e somos solidários aos trabalhadores”, acrescentou o padre Alércio, afirmando que, para a igreja, “as reivindicações são justas e legítimas”. Ainda segundo ele, a intenção é promover o diálogo, intermediando conversas dos demitidos – fala-se que foram cerca de 100 – com a empresa e também com o sindicato da categoria. “A igreja tem que estar a serviço da solidariedade, acolhendo nossos irmãos que estão sofrendo com as demissões”, disse o padre Juarez, um dos organizadores do café da manhã.
Um dos metalúrgicos que participaram foi o principal líder da oposição metalúrgica, Edimar Miguel Pereira Leite. Cipista, ele não foi demitido porque goza de estabilidade, mas foi punido com cinco dias de suspensão. “Não conseguimos agradecer com palavras”, afirmou sobre o encontro. De acordo com ele, os trabalhadores estão lutando pelo reconhecimento do trabalho pela direção da empresa. “Não estamos pedindo nada demais”, disse Edimar.
Após o encontro na igreja, os trabalhadores seguiram para a Praça Juarez Antunes. O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro ficou de enviar cestas básicas para eles, enquanto a oposição sindical, em Volta Redonda, também arrecada alimentos. As demissões ocorreram no início do processo de negociação do acordo coletivo deste ano. O movimento paralelo surgiu no interior da UPV com lideranças da oposição sindical ganhando espaço ante o desgaste e a falta de credibilidade que enfrenta a atual direção do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense sob a presidência de Silvio Campos.
Após as demissões, no entanto, as manifestações dentro da fábrica cessaram. A empresa ainda obteve na Justiça do Trabalho medidas proibindo os manifestantes e a oposição sindical de impedir a entrada e saída dos funcionários da usina. Foram citados especificamente Edimar e o advogado Tarcísio Xavier Filho.
Nesta quarta-feira (27), os empregados da empresa em Volta Redonda e Porto Real tornam a votar, em escrutínio secreto, uma terceira proposta da companhia para o acordo. As duas primeiras foram rejeitadas: uma, também por votação dos empregados, quase na sua totalidade, e outra pelo sindicato, durante negociação com os representantes da companhia. A data-base da categoria é 1º de maio. (Foto: Divulgação)