A votação da proposta da Companhia Siderúrgica Nacional para o acordo coletivo de trabalho em Volta Redonda, convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos na Praça Juarez Antunes, na Vila Santa Cecília, nesta sexta-feira (8), começou com mais de duas horas de atraso. O horário previsto para início era 6 horas. O motivo foi a orientação inicial da oposição sindical para que os trabalhadores não atendessem à convocação do sindicato. No entanto, por volta das 8 horas, a oposição recomendou que os trabalhadores votassem “não”, por entender que o sindicato e a empresa poderia usar qualquer número de votos para dar legitimidade à votação.
Até então, cerca de 25 funcionários apenas haviam votado, sendo muito vaiados. A partir da solicitação da oposição, os trabalhadores que estavam na praça iniciaram a votação, mas fazendo questão de mostrar a negativa em aceitar a proposta: 8,1% para quem ganha até R$ 3 mil e 5% para quem ganha acima deste valor.
Depois de dois anos sem votação presencial e sem aumento de salários, a convocação para o voto em escrutínio secreto mobilizou o Sindicato dos Metalúrgicos e a oposição, liderada por Edimar Miguel Pereira. Para evitar confrontos, a Polícia Militar chegou a deslocar para a praça quatro viaturas e duas motocicletas, mas, até o momento desta publicação, não houve nenhum confronto, nem mesmo provocações entre as partes. Por volta das 8 horas, apenas duas viaturas permaneciam no entorno da praça.
A proposta feita pela CSN foi encaminhada ao Sindicato dos Metalúrgicos na última terça-feira (5), depois que o movimento paralelo foi iniciado no interior da Usina Presidente Vargas pela oposição, que passou a receber apoio de outros sindicatos, como o Metabase – que representa trabalhadores da empresa em Congonhas (MG) – Sindpetro-RJ e Sindicato dos Químicos de São José dos Campos (SP). A CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil) também está apoiando os oposicionistas.
No carro de som, integrantes da oposição usaram o microfone para acusar o sindicato de “peleguismo”. Eles também acusam a CSN de oferecer um proposta irrisória para os empregados, que estão sem aumento há dois anos, num momento de lucro recorde para a empresa e seus acionistas. “Queremos um aumento e uma PPR (Programa de Participação nos Resultados) dignos, não uma esmola”, disse Edimar.
O líder do movimento paralelo negou que estejam sendo feitas greves no interior da Usina Presidente Vargas, mas apenas paralisações pontuais. O presidente do sindicato, Silvio Campos, voltou a dizer que concorda com a manifestação dos trabalhadores, mas que considera o número, calculado por ele em 800 pessoas, pequeno diante dos 12 mil empregados da companhia. Ele também voltou a dizer que há greve, sim, e que os funcionários estão sendo usados politicamente devido às eleições na entidade, previstas para junho.
O que chama a atenção é que os metalúrgicos que estão apoiando o movimento de oposição não demonstram preocupação com demissões. Um deles usou o microfone: “Não tem problema em sair. Volto a trabalhar como pedreiro”, disse o trabalhador. Em todos os discursos, a falta de aumento, a inflação – em especial dos alimentos – e os lucros da empresa têm sido destacados pelos oposicionistas.
A votação vai se estender até às 18 horas. O resultado é apurado logo em seguida.