O Banco de Olhos de Volta Redonda, que funciona em anexo ao Hospital São João Batista (HSJB), completou 11 anos na última sexta-feira (13). E a unidade, que é responsável pela captação de tecido ocular em 34 municípios do Estado do Rio de Janeiro, tem motivos para comemorar.
Desde a criação do banco em 2010, o Sistema Estadual de Transplantes do Rio realizou 1.780 transplantes de córneas. Todas provenientes da unidade de Volta Redonda. O número de cirurgias de transplante de córneas é crescente, permitindo a recuperação da visão em muitos pacientes.
No ano de 2020, mesmo com as dificuldades encontradas devido à pandemia do Covid 19, o foco e a determinação da equipe conseguiram manter o fornecimento de córneas. “Isso fez com que a fila de espera por um transplante não parasse”, afirmou a médica oftalmologista do Banco de Olhos de Volta Redonda, Gilmara Paiva Furtado.
Ela reforçou que o trabalho de um Banco de Olhos é único. “A equipe faz a captação de córneas em pacientes com morte encefálica para que sejam transplantadas em pacientes com deficiências visuais graves ou com lesões nas córneas, que perderam a visão”, explicou a Drª Gilmara.
“Nós, da equipe do Banco de Olhos de Volta Redonda, enfrentamos a cada dia um novo desafio para mantermos o serviço de qualidade. E o que nos motiva é ser instrumento para que pessoas possam voltar a enxergar formas perfeitas e ver a vida com cores e sombras com clareza”, acrescentou.
A mais recente captação de córneas em Volta Redonda ocorreu na primeira semana de agosto, no Hospital Municipal Dr. Munir Rafful. A equipe da unidade foi capacitada pelo Banco de Olhos para seguir os protocolos de segurança, principalmente, em relação à Covid-19.
Assim que é constatada a morte cerebral, o Banco de Olhos é comunicado para que façam a abordagem à família, já que são os familiares que autorizam ou não a doação. Após a coleta, o material é levado para o banco, onde é examinado, armazenado e fica à disposição do Programa Estadual de Transplantes (PET).
Segundo a oftalmologista do banco, para atrair novos doadores, o que é considerado o principal desafio da entidade, está sendo desenvolvido um trabalho de estímulo e treinamento com hospitais e de conscientização dos familiares. Os óbitos devem ser informados assim que ocorrem para que a equipe possa ir até o local para entrevistar a família, que autoriza a doação.
“No Brasil, ainda não existe a cultura de notificar os óbitos em tempo hábil, o que atrapalha o diálogo com os familiares para a autorização da doação de córneas. Estamos trabalhando com hospitais parceiros da região já que o Banco de Olhos de Volta Redonda é responsável por 34 municípios do estado do Rio de Janeiro no processo captação de córneas”, afirmou a oftalmologista.
Uma doação de córneas pode beneficiar até quatro pessoas, quando são captadas as duas córneas e as duas escleras (camada branca mais superficial do globo ocular composta por fibras de colágeno).