O prefeito de Volta Redonda Antônio Francisco Neto rechaçou nesta quinta-feira (13) as declarações do ex-governador Sérgio Cabral sobre o suposto pagamento de uma vantagem de R$ 3 milhões ao ministro Dias Toffoli para o julgamento de um processo eleitoral em 2015. À época, Toffoli era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, segundo Cabral afirmou em delação premiada, teria recebido mais R$ 1 milhão para decidir, no mesmo ano, a favor da então prefeita de Bom Jesus de Itabapoana.
“Podem me acusar de qualquer coisa, menos de desonestidade. Nunca dei dinheiro a ninguém e nunca vou dar”, disse Neto, em entrevista ao programa Dário de Paula, da Rádio Sintonia do Vale.
Segundo Neto, é um direito do ex-governador, condenado a cerca de 300 anos de prisão por corrupção, “fazer denúncia para tentar diminuir sua pena”. Ele lembrou, no entanto, que o próprio Cabral, em outra delação, o isentou de qualquer participação em atos de corrupção no governo do estado, ao comentar sobre denúncias relacionadas ao Detran.
Neto, no governo Cabral, foi presidente do Departamento de Trânsito no estado. “Não vai ser uma denúncia do Cabral agora que vai manchar a minha imagem. Vida que segue”, disse o prefeito, afirmando que o processo que chegou ao TSE naquela ocasião dizia respeito a outdoors instalados na cidade, no período eleitoral, com pedidos de doação de sangue, que não faziam promoção pessoal dele.
O CASO – A suspeita sobre Dias Toffoli veio à tona esta semana, quando a Polícia Federal pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de investigação para apurar as declarações do ex-governador do Rio sobre um suposto pagamento ao ministro para beneficiar, em 2015, os prefeitos de Volta Redonda e Bom Jesus de Itabapoana. Segundo a denúncia, os pagamentos foram operacionalizados por Hudson Braga, que é de Volta Redonda, fez parte do primeiro governo de Neto (1996-2000) e depois se tornou secretário de Obras de Cabral. Disse Cabral na delação que os pagamentos ao ministro tiveram o envolvimento do escritório da mulher de Toffoli.
Em nota, Dias Toffoli também refutou as declarações de Cabral, afirmando que “jamais recebeu valores ilegais ou atuou para favorecer qualquer pessoa no exercício de suas funções”.
A mesma delação de Cabral, aceita pela Polícia Federal, foi rejeitada pelo Ministério Público Federal por considerar que o ex-governador não apresentou nenhum indício de que poderia comprovar as afirmações.