“Não a perdoo jamais. Ela tem que pagar”. A afirmação é da dona de casa Rosângela Nunes, de 50 anos, presa na quarta-feira (28), em Porto Real, no caso envolvendo a morte, por espancamento, da menina Ketelen Vitória Oliveira da Rocha, de 6 anos. Ela se refere à própria filha, Brena Luana Barbosa Nunes, de 25 anos, presa em flagrante pelo crime, juntamente com a mãe da menina, Gilmara Oliveira de Farias, de 27 anos.
Em entrevista ao portal UOL, pouco antes de ser presa por ordem da juíza Priscila Dickie Oddo, da comarca de Porto Real/Quatis, a pedido do Ministério Público (MPRJ), Rosângela negou ter presenciado supostas torturas sofridas por Ketelen em outras ocasiões, mas confirmou ter presenciado as agressões que levaram à morte da criança.
“As duas [Gilmara e Brena] têm culpa [pela morte de Ketelen]. Gilmara mandava minha filha bater na filha dela. Eu avisei a ela para não fazer isso, mas a própria mãe também batia”, disse Rosângela.
Ela dividia a casa de três quartos com o casal, a criança e a mãe dela, de 86 anos. Todos sobreviviam da aposentadoria da idosa. A mãe de Brena repetiu para a reportagem do portal que a filha tinha “problemas com álcool” e a ameaçava de morte quando exigia dinheiro para beber. “Brena ameaçava eu e minha mãe de morte, quando a gente não tinha dinheiro para ela comprar bebida alcoólica. Bebia todos os dias e ficava agressiva. Tínhamos medo”, afirmou Rosângela.
Ainda segundo a reportagem, Rosângela não demonstrou nenhum sofrimento com a acusação que recai sobre Brena. E revelou ter perdido um filho de 20 anos, há três anos, assassinado por traficantes locais.
“Não chorei [quando Brena foi presa]. Mães não devem passar a mão na cabeça de filhos que erram. Não chorei nem pela morte de Breno. Ele tinha envolvimento com drogas. Era de uma facção, mudou para outra e acabou sendo morto por traficantes rivais”, detalhou.
Quanto a Gilmara, mãe de Katelen, Rosângela disse que falava pouco com ela. “Não a conheço direito. Nem ninguém da família dela. Ela e minha filha se conheceram pela internet”, confirmou. Sobre Ketelen, ela disse que “era uma menina quieta, normal, como qualquer criança da mesma idade”.
O CASO – Ketelen foi socorrida no Hospital Municipal São Francisco de Assis, em Porto Real, no dia 19 deste mês, em estado gravíssimo, levada pelo Samu. A mãe, Gilmara, alegou que a criança havia se ferido em uma estaca.
No mesmo dia, a garota foi transferida para o Hospital de Emergência de Resende e logo em seguida para a unidade pediátrica de um hospital particular na mesma cidade, onde acabou morrendo cinco dias depois.
Acionada, a polícia prendeu em flagrante a mãe, Gilmara, e a companheira dela, Brena, depois de constatar que a criança vinha sendo espancada desde o final de semana, porque teria derramado uma caixa de leite que abriu sem permissão da madrasta. A própria Rosângela confirmou as agressões e, inicialmente, responderia por omissão de socorro, pois a Polícia Civil entendeu que ela não teve participação nas agressões e torturas sofridas pela menina.
No entanto, o MPRJ pediu sua prisão, autorizada pela Justiça. Juntamente com Gilmara e Brena, Rosângela vai responder por homicídio triplamente qualificado.