Solicitados pelo MEP (Movimento Ética na Política), um engenheiro e dois arquitetos visitaram neste sábado a localidade cravada na área central de Volta Redonda, mas considerada invisível ante os olhos do poder publico. Trata-se do bairro (nem reconhecido como tal) Estação, em frente à Rodoviária Francisco Torres, na Vila Santa Cecília, nos fundos da antiga estação ferroviária da cidade, às margens do BR-393 (Rodovia Lúcio Meira).
A visita promovida pelo MEP teve a finalidade de buscar propostas para atender as 17 famílias que residem no local e que reclamam, sobretudo, da falta de acessibilidade. Os arquitetos José Gomes e Laura Jane, acompanhados do engenheiro civil Renan Henrique, segundo a assessoria ambiental do MEP, ficaram impressionados com a falta de acessibilidade e mobilidade para as famílias, algumas residindo na área há mais de 30 anos.
“Impactou-me o fato de ser uma comunidade totalmente invisível para a sociedade e os poderes públicos. São pessoas, algumas há mais de 30 anos no local, que estão incrustadas entre a linha férrea e a usina [Presidente Vargas, da CSN], em espaço que a eles pertencem, por direito, mas estão agredidos na sua dignidade. É grave e muito triste presenciar isto”, disse José Gomes, depois de conversar com moradores.
Uma moradora, identificada apenas como Fátima, resumiu a invisibilidade: “Ninguém olha pela gente. Já vieram aqui estudantes, advogados, um grupo de engenheiros e não deram solução. Daqui não sairemos para morar em caixotes, queremos que deem um jeito no acesso. É triste ver doentes, idosos sendo carregados escada acima e até falecido em saco, pois nem funerária entra”.
Segundo José Maria da Silva, do MEP, os arquitetos e engenheiros, a partir dos que foi conversado com os moradores, farão uma proposta emergencial para solução de acesso. “Vamos trocar ideias e montar coletivamente algo alternativo e viável e apresentar à comunidade”, disse Laura Jane. “Vamos trocando ideias no grupo e incorporando outros atores, certamente encontraremos uma solução viável”, acrescentou Renan Henrique.
A professora Silvia Real, do grupo Ambiental do MEP, depois de elogiar a iniciativa de levar os técnicos à localidade, sugeriu que o trabalho seja incorporado ao Seminário Socioambiental e de Políticas Urbanas que o movimento realizará no próximo ano, “somada à necessária visibilidade e movimentação da sociedade para acelerar as demandas mais urgentes dos moradores”.