De acordo com Leandro Azevedo, ex-executivo da Odebrecht, o deputado Paulo Mello teria pedido pagamentos para campanha dele por caixa 2. O pagamento, segundo Azevedo, foi feito por intermédio de Álvaro Novis, doleiro e delator no processo da Cadeia Velha. Ainda de acordo com Azevedo, o nome no esquema de propinas da Odebrecht para se referir ao deputado Paulo Mello era “Maria Mole”.
O terceiro ouvido foi Benedicto Júnior, ex-executivo da Odebrecht, que também falou sobre o pagamento de caixa 2 a Paulo Melo e a Jorge Picciani.
Já Marcelo Traça, ex vice-presidente da Fetranspor, disse que o deputado Jorge Picciani teria recebido R$ 2 milhões por mês. Em depoimento, Traça disse que tinha uma relação de amizade de anos com Jorge Picciani e que no final de 2015 foi chamado para uma reunião na casa dele, onde firmaram um compromisso de envio mensal de R$ 2 milhões ao deputado por quatro anos.
Ele assegurou que foram feitas 40 remessas ao deputado, que teriam sido entregues por intermediários. Ao todo, foram R$ 80 milhões repassados para Picciani.
“No final de 2015, fui chamado para uma reunião na casa do Picciani, na Barra, na presença do Lavouras, então presidente da Fetranspor. Me foi dito que a Fetranspor tinha compromisso mensal de R$ 2 milhões com o Picciani. E me foi dito que eu seria o portador dessa quantia mensal. Eu deveria entregar ao Jorge Luís Ribeiro, que eu fiz. Quarenta entregas nesse valor. Tivemos outra reunião, numa casa nova do Picciani, onde me foi determinado pelo Zé Carlos Lavouras para eu entregar ao senhor Carlos Pereira. E o valor passou para R$ 600 mil por mês”, disse Traça.
A operação Cadeia Velha levou para a cadeia os deputados Jorge Picciani, Paulo Mello e Edson Albertassi e investiga um esquema de corrupção em que os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras.
Atualmente, Jorge Picciani está em prisão domiciliar por causa de sua saúde e Paulo Mello e Albertassi seguem presos em Bangu.
Até as 12h, quatro delatores tinham sido ouvidos pelo desembargador Abel Gomes, foram eles: Ricardo Pernambuco (Carioca Engenharia), Leandro Andrade (Odebrecht), Benedito Barbosa (Odebrecht) e Marcelo Traça (Fetranspor).